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Entres sang les Daynes
O estudo com os "minicérebros" quer entender as diferenças básicas entre sistema nervoso e o dos ancestrais


O Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, está se preparando para desenvolver “minicérebros” modificados geneticamente para conter o DNA de neandertais. De acordo com informações do The Guardian , as estruturas serão incapazes de pensar ou ter sentimentos, mas poderão replicar algumas das principais estruturas de um cérebro adulto.

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“Os neandertais são os parentes mais próximos dos seres humanos atuais, então, devemos nos comparar a eles para saber se devemos nos definir como um grupo ou uma espécie”, explicou Svante Pääbo, diretor do departamento de genética do Instituto. Assim, os “ minicérebros ” devem mostrar se existem diferenças substanciais entre o cérebro humano e o cérebro de um neandertal.

Dentro dos próximos meses, organoides cerebrais serão criados a partir de células-tronco editadas para conter material genético “neandertalizado”, como explicou a publicação britânica. “Queremos saber se podemos encontrar diferenças básicas na forma como as células do sistema nervoso funcionam, que podem ser a base para explicar por que os humanos parecem ser cognitivamente tão especiais”, disse o biólogo evolucionista. 

Objetivo da pesquisa com os “minicérebros”

Assim, a pesquisa parte do estereótipo de que os neandertais eram violentos e não eram inteligentes, algo que cada vez mais tem sido questionado pela comunidade científica. Nos últimos tempos, surgiram evidências de que eles enterravam os mortos, produziam arte nas cavernas e tinham cérebros maiores do que os nossos.

Trabalhos que conseguiram reconstituir o código genético de nossos antepassados já revelaram que toda a população que não é africana carrega, hoje em dia, de 1% a 4% de DNA de neandertais. Contudo, também existem grandes áreas do material genético que não foram herdadas, provavelmente por representarem desvantagens que não se adaptaram e foram rejeitadas pelo ambiente.

“Queremos saber se, dentre essas coisas, existe algo 'escondido' que realmente nos diferencia. Há uma base biológica para explicar por que humanos modernos chegaram aos bilhões, se espalharam pelo mundo e têm cultura?”, detalhou Pääbo, que também disse ser “tentador” pensar que a trajetória das duas espécies estariam relacionadas com diferenças cognitivas.

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Como eles serão criados?

As células-tronco são estimuladas quimicamente para se tornarem neurônios, e a partir daí, eles se desenvolvem e organizam sozinhos em estruturas que crescerá apenas alguns milímetros em diâmetro.

“Você faz o organoide começar a crescer e espera nove meses para ver o que acontece. Você não vai conseguir um cérebro humano completamente formado, mas verá múltiplas regiões com alguma formação, onde será possível estudar as sinapses e atividades elétricas, além de diferenças no princípio do desenvolvimento”, disse Gray Camp, que também trabalha no Instituto.

O próximo passo será comparar os organoides neandertais com os cérebros humanos a partir da velocidade de divisão das células, desenvolvimento e organização em estruturas tridimensionais e se as células cerebrais se conectam de forma diferenciada.

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O estudo dos  minicérebros não será capaz de revelar qual seria a espécie mais “esperta”, mas dar dicas sobre as diferentes habilidades de planejamento, sociabilidade e uso da linguagem, por exemplo. “Um resultado dos sonhos seria aquele que mostrasse mudanças genéticas para um crescimento mais longo ou ramificado dos neurônios”, sugeriu Pääbo.

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