A ciência sempre quis descobrir como alguns idosos superam as expectativas de vida e mantêm uma saúde impecável
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A ciência sempre quis descobrir como alguns idosos superam as expectativas de vida e mantêm uma saúde impecável


Pessoas que conseguem viver para além dos 80 anos sempre foram um mistério para a ciência. Pesquisadores passam anos estudando os chamados “superidosos”, que não só superam as expectativas de vida, mas mantêm um ótimo estado de saúde, o que inclui capacidades cognitivas iguais aquelas encontradas em adultos mais jovens. Mas por que isso acontece? Depois de anos de estudo, alguns especialistas afirmam que começaram a desvendar os “enigmas” destes idosos.

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“Não faz tanto tempo que pensávamos que a única trajetória [de vida] era ficar idoso e senil”, disse a professora Emily Rogalski, da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, durante o encontro anual da Associação Americana para Estudos Avançados em Austin, no estado do Texas. E agora, estudos mostraram que os  idosos  acima da média podem ser mais resilientes, mais extrovertidos e menos neuróticos, segundo o  The Guardian .

Porém, as descobertas não param por aí. Exames que analisaram o cérebro de 10 senhores “acima da média” após suas mortes revelaram que uma célula cerebral, chamada neurônio de Von Economo, foi encontrada em grande quantidade – quando comparada aos níveis das pessoas consideradas medianas.

Os cientistas acreditam que tais neurônios são responsáveis por melhorar as habilidades comunicacionais, e uma das áreas onde foram encontrados é o cingulado anterior, relacionado com a atenção e memória. A região, inclusive, apareceu ser mais densa nos "superidosos".

“Nós não conseguimos explicar como eles acabaram com mais neurônios Von Economo ou por que isso é importante. Mas estes são tipos especiais de células, que só foram encontradas em poucas regiões cerebrais”, explica Rogalski. Além disso, os estudos também estão focados em explorar a presença das proteínas amiloide, que, quando agrupadas, estão associadas ao Alzheimer .

Autópsias revelaram, de acordo com a neurologista geriatra Claudia Kawas, que alguns superidosos tinham as proteínas deformadas em seus cérebros, mas não apresentavam problemas de memória e cognição. Os resultados são importantes para entender a doença de Alzheimer e por que algumas pessoas podem ser resistentes à condição.

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Mais descobertas

Pessoas que chegam a idades avançadas costumam ser questionadas sobre o que as faz viver por tanto tempo. Você já deve ter lido sobre senhoras que atribuem sua longevidade à vida solteira, às bebidas que tomam regularmente ou a algum outro hábito em especial, por exemplo. Tais fatos podem parecer apenas uma brincadeira, contudo, para os cientistas que estudam “superidosos”, geram algumas informações importantes.

Os pesquisadores descobriram que vícios comuns – como ingerir bebida alcoólica regularmente – não serão, necessariamente, indicadores de mortes precoces. Afinal, muitas pessoas que ultrapassaram as expectativas de vida assumiram ter vícios nada saudáveis, como fumar cigarro. Isso, porém, não significa que os dois fatos estão relacionados.

Assim, ter hábitos prejudiciais não possui associação alguma com a chegada aos 100 anos de idade. Certas pessoas, por fatores genéticos, são mais tolerantes ao cigarro e às bebidas, e algumas delas, coincidentemente, vivem durante muitos anos.

Outra descoberta foi a relação entre massa corporal e longevidade. “Não é ruim ser magro quando você é jovem, porém, é muito ruim ser magro quando se é idoso”, Rogalski aponta. Pessoas com idade avançada, que apresentam baixa massa corporal, são 80% mais propensas a morrerem.

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Enfim, a pesquisadora acredita que podemos aprender muito com os idosos acima da média. “Estamos ficando muito bons em aumentar nossa expectativa de vida, mas a nossa saúde não está acompanhando isto. Justamente, o que os superidosos têm é um maior equilíbrio entre os dois fatores, e eles estão vivendo mais e vivendo bem”.

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