Crânio de antigo ancestral foi encontrado no Quênia, na África, e foi chamado de “Alesi”
Reprodução/Fred Spoor/Isaiah Nengo/Washington Post
Crânio de antigo ancestral foi encontrado no Quênia, na África, e foi chamado de “Alesi”

O ser humano – como Homo sapiens – habita o planeta há apenas 300 mil anos, o que, como a ciência já comprovou, se trata de um evento muito novo perto de toda a História da Terra. Contudo, novas pesquisas publicadas, nesta quarta-feira (9), revelam que um ancestral comum que compartilhamos com os chimpanzés viveu entre seis e sete milhões de anos atrás. O crânio encontrado recentemente traz evidências biológicas inéditas.

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Um crânio desse ancestral foi encontrado no Quênia, na África, e foi chamado de “Alesi”. De acordo com os cientistas, o fóssil possui pelo menos 13 milhões de anos e, por isso, pode esclarecer algumas informações até agora desconhecidas sobre nossos mais antigos “parentes”.

Pequeno macaco

O crânio encontrado parece ter pertencido a um filhote da espécie – a que os pesquisadores afirmaram ter sido extinta da Terra – recentemente identificada como Nyanzapithecus alesi . O fóssil é o mais bem conservado entre todos os encontrados que pertenceram ao mesmo período. Quem o descobriu foi John Ekusi, tendo escolhido o apelido “ Alesi ” porque significa “ancestral” na língua local, turkana.

E o achado de Ekusi se tornou ainda mais importante porque é o fóssil mais completo já encontrado de espécies extintas no mundo, segundo apontaram pesquisadores em um artigo publicado hoje no jornal científico “Nature”, quando também anunciaram a nova descoberta.

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“O Nyanzapithecus alesi foi parte de um grupo de primatas que existiram na África por mais de dez milhões de anos. O que a descoberta de Alesi mostra é que este grupo estava perto da origem dos macacos e humanos, e que essa origem foi africana”, afirma Isaiah Nengo, autor que encabeça as pesquisas.

A arcada dentária de Alesi prova que se trata de uma nova espécie. O crânio é tão bem preservado que os cientistas foram capazes de estimar que a criatura morreu aos 16 meses de idade (1 ano e 4 meses).

Pouco se sabe sobre os ancestrais comuns aos macacos e seres humanos ainda hoje. Por isso, o fóssil poderá ajudar a revelar como eles se pareciam. E enquanto há um debate se nossos ancestrais primatas vieram da Eurásia ou da África, esta descoberta, em particular, aponta para a origem africana de nossa espécie.

Primatas

Não é possível confirmar que os macacos e os seres humanos modernos tenham evoluído diretamente dessa espécie recém-descoberta, já que seria necessária a comparação com outras espécies de diferentes eras para chegar à conclusão.

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Porém, os traços que esse espécime compartilha com macacos modernos tornam provável que ele seja, pelo menos, um parente do antepassado comum que todos os macacos existentes (inclusive humanos) têm.

O crânio tem o tamanho de um limão, com um pequeno focinho, que faz com que parecesse com um “bebê gibão”. Além disso, com base em um fóssil de um braço de 15 milhões de anos, de uma espécie relacionada, os pesquisadores acham que Alesi não tinha membros longos o suficiente para que se movesse por árvores como gibões.

Embora nossa linhagem ancestral ainda esteja longe de estar clara, obter pistas que nos ajudem a entender como os antepassados desse período pareciam já é uma grande notícia. “Talvez porque o habitat de floresta seja um ambiente pobre para a fossilização, os fósseis de macacos são tão raros que, nós que procuramos por eles, ficamos muito felizes mesmo quando encontramos apenas um único dente”, escreveu a antropóloga Brenda Benefit, em um artigo publicado na mesma edição da “Nature”.

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