Desde que os cientistas conseguiram clonar seu primeiro animal – a ovelha Dolly, em 1996 – , lançou-se uma corrida acirrada para desenvolver tecnologias cada vez mais avançadas em termos de engenharia genética. O tema é polêmico e levanta debates sobre bioética, responsabilidade científica, eugenia e muitos outros. Porém, enquanto partes da comunidade científica debatem os aspectos morais de um “animal mutante”, outras avançam nas técnicas de clonagem e modificam o código genético de diversas espécies.
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O pequeno Long Long, um Beagle nascido na China, é um exemplo recente do desenvolvimento da engenharia genética. Criado em laboratório, o filhote “ mutante ” foi considerado um sucesso e ficou conhecido no mundo todo, já que, de acordo com David King, diretor do Human Genetics Alert (HGA), explicou ao portal "Express", é muito difícil conseguir clonar um cachorro.
Para que o filhote pudesse nascer, os cientistas modificaram o código genético de 65 embriões, dentre os quais 27 nasceram. Ele, no entanto, é o único "supercão" , já que os cientistas retiraram do seu DNA o gene responsável pela síntese da proteína miostatina – responsável por controlar o crescimento muscular. Ou seja, Long Long terá o dobro da massa muscular de um beagle normal, e provavelmente, será muito mais rápido e forte do que os seus irmãos.
Modificações no genoma humano e eugenia
Por mais que os pesquisadores expliquem que os testes são realizados para auxiliar, futuramente, pesquisas médicas sobre doenças como o Mal de Parkinson, alguns cientistas estão preocupados com tais avanços da engenharia genética, especialmente porque o genoma canino é muito parecido com o DNA dos seres humanos.
David King, por exemplo, declarou ao “Express” que tem um certo receio do desenvolvimento desta tecnologia chinesa, porque ela mostra que estamos a poucos passos de conseguir alterar a genética humana – e caminhar rumo à eugenia .
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O termo, que significa “bem nascido”, designa uma série de possíveis práticas para determinar as características de um ser humano por meio da seleção genética , e assim, “melhorar” a espécie. Hitler, por exemplo, pode ser considerado um eugenista, pois acreditava e agia em prol da “raça ariana”, limitada a pessoas com a pele, olhos e cabelos claros.
O líder alemão usava campos de concentração para exterminar aqueles que não se encaixavam nas características arianas, e, hoje em dia, a engenharia genética pode ser uma forma mais sutil de colocar a eugenia em prática.
King explicou que ela já é uma realidade nos Estados Unidos, onde mulheres “bonitas e inteligentes” recebem propostas para vender seus ovários, de forma que seu código genético seria escolhido em detrimento de outros para perpetuar determinadas características. Vale a pena pontuar que, dentro de sociedades racistas , a possibilidade de escolher como seu filho será, física e intelectualmente, pode significar uma exclusão social ainda maior daqueles que fogem dos padrões, além da diminuir, a longo prazo, a existência de tais atributos na população.
Assim, a criação do cachorro mutante pode significar, além do desenvolvimento de técnicas científicas para questões médicas, uma oportunidade para práticas de seleção de características humanas se estabelecerem na sociedade.
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