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Creative Commons/Flickr Garry Knight
Marcha pelo Clima de 2014, em Londres


Uma nova pesquisa, publicada na última segunda-feira (10), sugere que o planeta Terra está entrando na Sexta Era de Extinção em Massa, o que significa dizer que cerca de três quartos de todas as espécies (ou seja, 75%) podem desaparecer nos próximos séculos.

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Segundo os autores do estudo, a diminuição populacional de diversas espécies foi analisada, pela primeira vez, como indício de uma possível extinção em massa, que já pode ter começado a aniquilar parte da natureza. Além disso, os cientistas acreditam que a atuação humana é uma das grandes responsáveis pelo fenômeno, que pode fazer desaparecer, em poucos anos, espécies muito conhecidas ao redor do mundo.

Liderado por Gerardo Ceballos, professor de ecologia da Universidade Nacional Autônoma do México, a pesquisa contou com a colaboração de diversos estudiosos, entre eles, o biólogo Paul Ehrlich, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Ela foi divulgada ontem na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, conhecida como PNAS.

De acordo com o artigo do colunista John D. Sutter, da "CNN", os pesquisadores descobriram que quase um terço das 27.600 espécies de mamíferos, aves, anfíbios e répteis estudados está encolhendo em termos de números absolutos e alcance territorial. Além disso, ao analisarem um grupo de 177 espécies de mamíferos, perceberam que todas elas perderam, pelo menos, 30% do seu território entre os anos de 1900 e 2015, e mais de 40% sofreram perdas populacionais. Isso significa dizer que eles deixaram de ter 80% do alcance geográfico que possuíam durante esse período.

Assim, os autores prevêem que a crise de aniquilação ecológica será ainda mais severa do que outros cientistas antes imaginaram. Isso porque grandes níveis de queda populacional já estão presentes não só nos grupos considerados em risco de extinção, mas também entre espécies que nunca ganharam tal atenção ao serem analisadas.

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Anthony Barnosky, diretor executivo da Reserva Biológica de Jasper Ridge, na Universidade de Stanford, contou à "CNN" que o estudo de Ceballos e Ehrlich é de extrema importância , porque dá visibilidade para um fenômeno que costuma ser invisível para a maior parte dos estudiosos e das pessoas em geral: até mesmo as populações mais comuns estão entrando em colapso.

Assim, este processo já estaria em curso e poderia ser observado em populações consideradas abundantes como, por exemplo, a do Elefante Africano. Atualmente, 400 mil elefantes ainda habitam o continente, o que, segundo Barnosky pontuou, parece um bom número. “Entretanto, quando você dá um passo para trás, percebe que isso corresponde a menos da metade do número destes animais no século passado, quando existiam mais de um milhão de elefantes”, explicou.

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Creative Commons/Flickr Brian Ralphs
Elefantes africanos, que podem desaparecer nos próximos vinte anos, segundo a pesquisa de Ceballos


Como as pesquisas não costumam fazer levantamentos do número de indivíduos de uma população, tal evento pode passar despercebido, mas se olharmos para trás, de acordo com o diretor, podemos concluir que “já extinguimos 50% do mundo selvagem nos últimos 40 anos, e não é preciso fazer nenhuma conta complicada para compreender que, se continuarmos no mesmo ritmo, não teremos mais nada no planeta até as próximas quatro décadas”.

Um olhar cauteloso 

O professor de ecologia e conservação Stuart Pimm, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, explicou que, para ele, é fácil perceber que a natureza sofreu grandes mudanças durantes as últimas décadas, e, por conta disso, impactos extremos podem ser observados daqui em diante.

Entretanto, ele enfatizou, em entrevista para Sutter, que é preciso ter cuidado ao analisar os dados obtidos na recente pesquisa em questão. Para Pimm, a metodologia do projeto não tem grau de detalhamento o suficiente para ser útil aos profissionais que atuam para reduzir o impacto ambiental causado pelo ser humano.

“Um bom mapeamento é aquele que te diz como agir”, explicou. “O valor do artigo de Ceballos é que nos dá uma noção geral do problema que estamos enfrentando. Mas, sabendo que há um problema, o que nós vamos fazer para resolvê-lo?”

A influência do ser humano na crise ecológica

Por mais que os especialistas ainda não tenham chegado a uma opinião convergente sobre o início da chamada “aniquilação em massa” – há os que acreditam que ela já começou, e outros que ainda esperam o seu início – , sobre um aspecto há consenso: os seres humanos são um dos grandes causadores dessa crise ecológica.

Uma das causas mais conhecidas é a queima de combustíveis fósseis, que contribui para as mudanças climáticas e afeta todos os ecossistemas existentes no planeta. Além disso, o crescente desmatamento conseguiu transformar 37% da superfície terrestre, segundo o World Bank, em campos agrícolas e pastos.

A população humana não para de crescer; o consumismo desenfreado acumula pilhas de lixo ao redor dos países e, em uma contribuição ainda mais direta, caçadores de elefantes, rinocerontes, girafas e outros animais, que são valiosos para o mercado negro, ajudam a diminuir ainda mais a população de tais espécies.

Por mais que os dados sejam preocupantes e demonstrem certo pessimismo, ainda há tempo para mudar esse cenário de extinção, segundo Ceballo declarou. “A boa notícia é que ainda temos tempo. Os resultados mostram que agora é a hora de agir , mesmo que a janela de oportunidade seja pequena. Nós ainda podemos fazer algo para salvar as espécies e suas populações”, explicou.

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