O que acontece com o corpo humana depois de um ano na Estação Espacial Internacional, flutuando na gravidade zero? Esta é a pergunta feita pela Nasa – e que está sendo, aos poucos, respondida por um estudo "Um ano no Espaço", feito por um grupo de pesquisadores agência americana. Para isso, estão comparando a saúde de dois irmãos gêmeos, Scotty e Mark Kelly, com resultados anteriores e posteriores à missão do agora astronauta aposentado Scott, que permaneceu um longo período no Espaço.
LEIA MAIS: Geólogos encontram 'continente perdido' submerso no Oceano Índico
Os resultados preliminares do único estudo feito sobre o tema até agora foram divulgados na última semana em um evento anual do Programa de Pesquisa Humana da Nasa
. Na pesquisa, são reveladas algumas alterações nos genes de Scotty Kelly e também do cosmonauta Mikhail Kornienko – lançando luz aos cientistas que tentam entender, por exemplo, quais seriam os efeitos aos humanos de uma viagem a Marte.
Vida na Terra X Vida no Espaço
Dez grupos de pesquisadores estão observando uma variedade enorme de informação sobre a saúde dos irmãos gêmeos, sendo um deles ex-astronauta. Entre esses efeitos estão aqueles no sistema imunológico, na formação óssea, no microbioma intestinal e, também, os efeitos no próprio DNA da pessoa ao viver com a gravidade zero por algum tempo.
LEIA MAIS: Criatura aquática sem ânus pode ser ancestral mais antigo dos humanos
No estudo, eles estão tentando entender se um chamado “gene espacial” seria ativado enquanto Scott estava no Espaço – enquanto Mark, que estava na Terra, não teria sofrido o mesmo efeito no período. Para tanto, observam o sequenciamento genético de DNA e RNA dos glóbulos brancos dos gêmeos, o que já demonstrou que Scott e Mark têm centenas de mutações exclusivas, com mais de 200 mil moléculas de RNA apresentaram-se de forma diferente.
Além disso, perceberam que as modificações químicas do DNA de Scott diminuíram enquanto estava no Espaço, mas voltaram ao normal uma vez que ele voltou ao planeta. Além deste, outros resultados parecem mostrar que os genes humanos são sensíveis ao meio ambiente onde vivem – tanto no Espaço quanto na Terra.
Por enquanto, os cientistas acreditam que as mudanças podem estar relacionadas ao aumento dos exercícios e queda da quantidade de calorias consumidas na Estação Espacial Internacional. Eles também focam na comparação da enzima chamada telomerase, responsável por mudanças adicionar sequências específicas e repetitivas de DNA à extremidade 3 dos cromossomos, dos dois irmãos. Nesse caso, foi percebida uma similaridade entre ambos em novembro de 2015, possivelmente por causa de um “evento estressante e significante” para a família, que aconteceu neste período.
Em Scott foi percebida a diminuição da formação óssea, mas os níveis de um hormônio responsável pela cura e saúde de ossos e músculos aumentaram no ex-astronauta devido aos exercícios pesados feitos no Espaço – obrigatórios para evitar a perda tanto de ossos quanto de músculos dos astronautas.
Apesar de Scott e o irmão Mark terem tido diferenças na colônia de bactérias nos seus sistemas digestivos, que era esperada já que estavam vivendo em diferentes meio-ambientes e comendo comidas diversas, dois dos principais grupos de bactérias trocaram da posição dominante no corpo do astronauta enquanto estava na Terra e no Espaço.
Viagem a Marte
Com os resultados primários, é possível dizer que, quando se trata de uma missão a Marte, as primeiras ações dos astronautas ao chegar à superfície do Planeta Vermelho seriam as mais cruciais. Contudo, depois de passarem seis meses viajando através do espaço profundo, eles teriam dificuldade em executar tarefas de forma rápida e eficiente, mesmo que essas ações fossem vitais para salvar suas vidas.
LEIA MAIS: Dor no quadril e nos joelhos pode ser 'ressaca da evolução', indica estudo
Para entender melhor, os pesquisadores da agência fizeram com que Scott e Kornienko passassem por uma série de testes em março, quando retornaram a Terra após um ano no espaço.
Segundo a agência espacial norte-americana afirmou, tanto para Scott quanto para Kornienko as tarefas mais difíceis de realizar durante um teste de tarefa funcional foram aquelas que exigiam destreza muscular, controle postural e estabilidade. Eles tinham que ser capazes de subir escadas, pular, abrir escotilhas, usar ferramentas, recuperar-se de uma queda, evitar obstáculos, entre outras coisas. Contudo, não houve uma diferença substancial entre seus resultados e os dos astronautas que estiveram no espaço por apenas seis meses.
A pesquisa da Nasa continua, buscando entender consequências para o ser humano nas viagens mais longas pelo Espaço.