Ao menos dez homens acusaram o jurista e professor de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Alysson Mascaro, de abuso e assédio sexual dentro da faculdade . Os episódios aconteceram entre 2006 e 2024, 18 anos corridos, com ao menos dez alunos , e incluíram beijos, abuso sexual e diversos outros pontos problemáticos.
Uma reportagem publicada pelo Intercept entrevistou diversos alunos e ex-alunos de Alysson sobre o caso. De acordo com o portal, os abusos aconteciam na Faculdade de Direito , principalmente no Grupo de Pesquisa Crítica do Direito e Subjetividade Jurídica, vinculado ao Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito.
Em nota, a USP afirmou que não foi notificada oficialmente sobre o assunto, e o recebimento formal “de qualquer conduta ilícita implicará a instauração do devido procedimento administrativo apuratório.”
Vítimas relatam abuso
As vítimas relataram um padrão de comportamentos do professor. Aparentemente, ele costumava se aproximar de alunos (todos entrevistados eram homens) e prometia apoio acadêmico e profissional, além de reforçar a força do próprio nome no meio. “Ele fala essas coisas para criar uma sensação, para você ficar encantado e pensar: ‘nossa, ele está vendo um valor em mim que quase ninguém viu’. É para captar”, relatou uma das vítimas ao portal.
Muitos comentaram que isso, inclusive, “criava a aura” de intimidação e desestimulava a falar sobre os abusos, mas muitos colegas saberiam do comportamento. De acordo com o Intercept, um aluno que coordenava o grupo de pesquisas comentou que existam alunos cujas tarefas eram apagar, nas redes sociais, quaisquer comentários sobre assédio.
Uma das vítimas comentou que veio para São Paulo em 2022 e ficou na casa do professor durante dois dias, a convite do acadêmico, para assistir aulas da USP e participar do grupo de pesquisa.
Ele comentou que assim que chegou ao apartamento o professor disse: “Finalmente você está aqui, meu pupilo querido, dê um abraço em seu mestre, finalmente podemos dar esse abraço”, e, depois, começou a passar a mão pelo corpo dele, inclusive dentro da roupa, e se despir, além de beijar o pescoço e a boca do menino. “Foi aí que eu percebi: vou ser estuprado. Eu pensava: ‘caí na cova do leão, vou ser estuprado '”.
Ele foi abusado cerca de sete vezes nos dias seguintes, e o professor não usou camisinha. O aluno pediu para ele parar e usar preservativo, mas foi ignorado.
O menino ficou com medo de fugir e ser agredido fisicamente pelo professor, além de ter medo da influência que Alysson exerce. “Ele tem todo esse poder que falou que tinha, que tem contato para dar com pau, desde o Supremo Tribunal Federal até o Ministério Público, Judiciário, alto escalão. Se eu sair daqui, ele me mata, ou ele me apaga e me estupra apagado ou ele me f*** depois se eu acusar ele.”