Em julho de 2024, o Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico) de São Paulo marcou um ponto crucial na luta contra o tráfico de drogas com a apreensão de 1,9 kg de metanfetamina em um apartamento de luxo na Aclimação, área central da cidade.
O delegado da Polícia Civil, Carlos Castiglioni, destacou que a quantidade encontrada é quase equivalente ao total apreendido pelo órgão em todo o estado em 2023, quando foram recolhidos 2 kg da substância. Esta apreensão representa um marco, sendo a primeira vez que uma ação como essa desencadeia uma investigação aprofundada sobre o tráfico de metanfetamina em São Paulo.
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A partir de 2020, a PF passou a registrar a droga por peso, chegando em pó e cristais. Desde então, o recorde de apreensões foi registrado em 2023 (quase 74 kg). Esse número deve ser ultrapassado em 2024 porque, até julho, o total já havia passado de 52 kg.
A operação levou à prisão de seis pessoas: quatro homens de origem chinesa e duas mulheres brasileiras. A droga, encontrada em forma de cristais, pode ser convertida em pó ou líquida para consumo. Segundo o Denarc, o caso está vinculado a um esquema internacional de tráfico, com envolvimento de redes mexicanas e chinesas, além de conexões com redes de prostituição em São Paulo.
O apartamento onde a metanfetamina foi encontrada estava localizado em um prédio de alto padrão e havia sido alugado por três meses. Durante esse período, a portaria registrou um total de 2.117 visitas ao imóvel. O proprietário de um bar nas proximidades relatou observar frequentemente carros de luxo estacionando no local e chineses entrando no prédio.
Investigação e prisões
A investigação foi desencadeada após a denúncia de um imigrante chinês que afirmou ter sido enganado e forçado a trabalhar para o grupo de tráfico. Segundo o relato, o homem veio ao Brasil atraído por uma oferta de emprego em uma empresa de compatriotas, mas descobriu que teria que participar de um esquema de entrega de metanfetamina. A polícia monitorou a movimentação no apartamento e, em julho, realizou a operação.
Durante a ação, os suspeitos se recusaram a abrir a porta, mesmo com um mandado de busca e apreensão. A polícia precisou quebrar uma porta blindada para acessar o local. No apartamento, foram encontrados tubos de ensaio, cachimbos de vidro e balanças de precisão. A metanfetamina estava armazenada em pacotes, com uma parte já triturada e outra em forma de pedra. Além da droga, foram apreendidos cartões de crédito, dinheiro e uma Mercedes-Benz 2011, também com droga no interior.
Os detidos incluem Lin Xiaozhe, conhecido como Bruce, que estava sendo monitorado pela Polícia Civil há pelo menos dois anos. Ele foi relacionado a atividades de tráfico de drogas sintéticas em várias ocasiões. Em 2020, dois garotos de programa foram presos na Avenida 9 de Julho e mencionaram Lin como o fornecedor de metanfetamina. Em 2022, a polícia foi à sua casa no bairro da Consolação com um mandado de busca, mas Lin não foi encontrado.
Zhi Lin e Giordanna Silva também têm histórico de envolvimento com drogas. Em agosto de 2023, foram encontrados com crack, heroína e metanfetamina no carro onde estavam, em Lavrinhas (SP). Joyce de Oliveira, uma das brasileiras presas, havia dado à luz apenas dez dias antes, dentro do apartamento da Aclimação. Ela e Giordanna Silva receberam autorização para prisão domiciliar devido aos filhos pequenos. Joyce é mãe do filho de Lin Xiaozhe, conforme afirmado pelo advogado dela.
Aumento no consumo de metanfetamina
O crescimento das apreensões de metanfetamina em São Paulo reflete uma tendência nacional. Desde 2013, quando foram registrados os primeiros casos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, as apreensões de metanfetamina passaram de comprimidos para pó e cristais.
A metanfetamina é uma substância sintética com origem no Japão, criada a partir da efedrina. Nos EUA, ela se popularizou através da série "Breaking Bad", na qual o protagonista fabrica a droga em um laboratório adaptado.
A metanfetamina age no sistema nervoso central, provocando euforia e alucinações, e seu uso é associado ao "chemsex" (sexo químico). Ela costuma ser vendida em ambientes como aplicativos de encontros e por garotos e garotas de programa, com preços variando entre R$ 150 e R$ 300 por grama.
Embora o foco da Polícia Civil de São Paulo tenha sido tradicionalmente no tráfico de maconha e cocaína, há um crescente aumento nas apreensões de metanfetamina.
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