O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse nesta quarta-feira (6) que não é a favor de qualquer tipo de CPI contra o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo.
Nunes defendeu o trabalho da entidade dirigida pelo padre durante sua participação na inauguração do Armazém Solidário City Jaraguá, na Zona Norte de São Paulo. O prefeito fez elogios ao padre Lancellotti, ao lado do líder do governo na Câmara, vereador Fábio Riva (PSDB) e reinterou que o órgão coordenado por Lancellotti não tem vínculos diretos com a Prefeitura de SP.
“Tenho muita consideração com o padre Julio Lancellotti, até pela posição dele ser padre. Sou católico praticante. Ele não tem convênio com a Prefeitura diretamente, como muitas entidades, mas é um grande parceiro da Prefeitura de SP, do ponto de vista de ajudar no atendimento das pessoas em situação de rua. Muito difícil pra mim falar num tema desses, faça isso ou faça aquilo. Mas se eles [vereadores] acharem que podem se inspirar no meu posicionamento...”, disse o prefeito.
A proposta de comissão para investigar o religioso da Igreja Católica está em debate na Câmara Municipal da cidade e deve ir ao plenário nos próximos dias.
Contexto da CPI contra Julio Lancellotti
A proposta de CPI está sendo liderada pelo vereador Rubinho Nunes e o presidente da Casa, Milton Leite, ambos do União Brasil.
Inicialmente, o escopo da proposta de investigação protocolada por Rubinho Nunes era fiscalizar a ação de ONGs que recebem dinheiro público para atuação na região da Cracolândia.
Entretanto , depois que o vereador conseguiu as assinaturas necessárias para iniciar as investigações, o parlamentar uso as redes sociais para atacar o religioso católico e dizer que usaria a comissão para investigar o padre.
Vereadores se reuniram na cada dos líderes
Em reunião a portas fechadas nesta terça-feira (5), os líderes partidários da Câmara Municipal de SP decidiram levar ao plenário a decisão sobre a abertura ou não de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o padre Júlio Lancellotti.
Após a reunião fechada, a Câmara Municipal emitiu nota dizendo que será definida na próxima semana se a votação para levantar a investigação contra o padre se dará no âmbito do pedido de CPI já protocolado por Rubinho Nunes – que investigaria ONGs que atuam na região da Cracolândia – ou num novo pedido, que seria protocolado na Casa para ser submetido ao plenário.
Para que seja aberta, a CPI contra o padre Júlio Lancelotti será obrigada a ter ao menos 28 votos entre os 55 vereadores da cidade. A votação em plenário é aberta.
Em nota, a Câmara disse que “será requisitado ao Ministério Público e à Polícia Civil o acompanhamento desta CPI”, cas o 28 vereadores concordem com o pedido de abertura da comissão.
“Em reunião na Presidência da Câmara, face às provas apresentadas em relação ao padre Julio Lancellotti, foi definido por maioria dos líderes o prosseguimento da CPI protocolada pelo vereador Rubinho Nunes (União). Até a próxima reunião do Colégio de Líderes será definido o escopo da apuração (objeto da investigação) para, então, o pedido de CPI ser apresentado ao Plenário, onde serão necessários 28 votos para aprovação. O presidente Milton Leite (União) informou que será requisitado ao Ministério Público e à Polícia Civil o acompanhamento desta CPI”, informa a nota da Câmara.