O pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que visa investigar a atuação do padre Julio Lancellotti e as ONGs na "Cracolândia" será discutido novamente na Câmara Municipal de São Paulo nesta terça-feira (20). A reunião do colégio de líderes, marcada para as 14h, é aguardada com expectativa pelos vereadores, que definirão os assuntos a serem tratados na pauta da semana.
No último encontro do colégio de líderes, no dia 6, Rubinho Nunes (União Brasil), autor do pedido, mencionou denúncias de abusos sexuais envolvendo o padre e ONGs apoiadas pela prefeitura. O padre negou as acusações, descrevendo-as como "inverídicas" e parte de uma "rede de desinformação".
A oposição já manifestou sua intenção de obstruir a pauta caso o tema seja incluído. Elaine do Quilombo Periférico (Psol) e Eliseu Gabriel (PSB) questionaram a forma do pedido de CPI e a relevância da investigação para os assuntos da cidade.
A decisão sobre a instalação da CPI foi adiada anteriormente pelo presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), que propôs aguardar o depoimento de uma suposta vítima à arquidiocese. A incerteza aumentou com a divulgação de uma nota pela Arquidiocese de São Paulo sobre investigações relacionadas ao padre.
A arquidiocese está em busca da verdade sobre uma denúncia recente contra Lancellotti, envolvendo um suposto assédio sexual em 1987. Ricardo Nunes (MDB) anteriormente sugeriu que a falta de apoio na Câmara e outros fatores poderiam enterrar a comissão, enquanto alguns especulam sobre o desconforto político para o prefeito em ano eleitoral.
Atualmente, há 45 pedidos de CPIs na fila da Câmara, com três comissões em andamento. O pedido de CPI que envolve as ONGs da "Cracolândia" foi protocolado em dezembro por Rubinho Nunes, mas posteriormente houve menções ao envolvimento do padre Julio, o que levou alguns vereadores a retirarem o apoio à proposta.
Recentemente, surgiram vídeos que alegadamente mostram o padre Lancellotti em situações comprometedoras, mas a autenticidade dessas gravações não foi confirmada. O caso foi divulgado pela revista de viés conservador Oeste.