Talibã retomou controle do Afeganistão em 2021
Reprodução: Flipar
Talibã retomou controle do Afeganistão em 2021

Um casal de refugiados do Afeganistão foi agredido nesta quarta-feira (25) no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. O agressor também teria os chamado de "terroristas" e de "Hamas" , em referência ao grupo armado palestino, que está em guerra com Israel desde o último dia 7 de outubro. A informação é da Folha de São Paulo. 

Segundo o Boletim de Ocorrência, o homem usava vestimentas judaicas. O caso foi registrado como injúria e foi protocolado por uma integrante da organização que acolheu a família no Brasil, a Panahgah.

Uma testemunha relatou à Folha que o agressor usava um quipá, barba longa e vestimenta característica de judeus ortodoxos. 

No B.O., ele foi descrito como "um homem que parecia judeu ortodoxo, pois vestia roupas tradicionais". Comerciantes locais teriam dito que ele é conhecido por ser uma pessoa "encrenqueira". Seu nome não foi revelado. Na abordagem, feita inicialmente à mulher afegã, ele teria dito que ela "era do Hamas e estava matando as crianças do povo dele".

Tendo a identidade preservada, o casal aceitou conceder entrevista ao jornal. Ele conta que chegou ao Brasil em agosto, com o auxílio de uma ex-chefe americana com quem trabalhava em Cabul na época em que o Talibã tomou o poder, em 2021.

O homem de 37 anos diz que estava retornando do trabalho quando viu sua mulher buscar os filhos usando um hijab, lenço característico de mulheres muçulmanas, quando foi abordada pelo desconhecido.

Ao se aproximar das crianças de 2 e 3 anos, ele sentiu um empurrão e não entendeu do que se tratava. 

Ele diz que levou socos e chutes, enquanto o homem gritava frases com os termos "Hamas", "muçulmanos" e "terroristas". Ele ainda não fala português muito bem, portanto relata que estas foram as únicas palavras que entendeu. 

Funcionários de um mercado próximo ao ocorrido disseram à reportagem que o homem apontava o dedo para o casal e gritava frases como "Hamas, olha o que vocês estão fazendo com a gente". "Eles atravessaram a rua e o homem veio atrás", contou Maria Eduarda Oliveira, de 22 anos. 

O homem afegão diz que nunca tinha sofrido nada do tipo no Brasil, mas que agora teme deixar sua esposa ir sozinha à escola levar os filhos. 

O refugiado afirmou também que não entende por que foi associado ao grupo palestino que controla a Faixa de Gaza. "Nós nem árabes somos. Nem todo muçulmano é terrorista. Deixamos nosso país para viver em paz, não nos importa e alguém é judeu, muçulmano, cristão. Só quero ter uma vida normal com minha família", afirmou.



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