Javier Milei
Reprodução/Twitter
Javier Milei

Os eleitores do candidato à presidência da Argentina, Javier Milei, estão divulgando nas redes sociais a tese de fraude eleitoral, após o pleito do último domingo apontar que a decisão se daria só no segundo turno, em 19 de novembro, entre  Milei e o atual ministro da Economia argentino, Sergio Massa. 

Os dados são de um levantamento feito pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP). O movimento é semelhante ao que ocorreu nas eleições dos Estados Unidos, em 2020, e no Brasil, em 2022, ambos os casos em que a extrema-direita saiu derrotada. 

O monitoramento mapeou publicações no Telegram e no Twitter desde o fim da votação até a segunda-feira (22). Nas duas redes foi identificado o uso massivo de bots com mensagens idênticas apontando uma suposta fraude.

No Telegram, o compartilhamento de posts sobre irregularidades no processo eleitoral superou o de 295 dias anteriores. 

Na Argentina, a votação ocorre por meio de "boletas", que nada mais são do que papéis impressos com os nomes dos candidatos a todos os cargos elegíveis de cada partido. Desta forma, se deseja votar em candidatos de 2 partidos, precisa destacar a boleta dos postulantes de interesse da cada sigla e depositá-las na urna. 

Só nas 24 horas posteriores ao fim das eleições, a USP detectou 362 postagens em canais públicos de apoio a Milei alegando fraude nas eleições, superior ao montante acumulado visto nos primeiros meses do ano. 

Nas eleições primárias, em 14 de agosto, Milei já havia lançado desconfiança sobre o processo eleitoral. Na época, ele afirmou que teria recebido 5 pontos percentuais a mais dos 30% de votos.

Depois da declaração, as teorias começaram a disparar nos grupos de Telegram. No Twitter, no entanto, só começaram a tomar forma após o último domingo; foram 53,6% das pouco mais de 28,6 mil menções, de acordo com o levantamento.

Entre as 9h de domingo, quando abriram as urnas, até as 9h do dia seguinte, eles fizeram o monitoramento de menções a palavras-chave como "fraude", "boleta", "fiscal" e "conteo". Ao todo, foram identificados 2,2 milhões de curtidas, 388 mil retweets, 90,8 mil comentários e 23,4 mil menções a uma fraude eleitoral nas eleições argentinas no período. As menções começaram a crescer logo após 18h, quando encerra a votação, e atingiram pico entre 23h e 0h.

A pesquisa também apontou que foram utilizados bots para repetir mensagens como: 

"Não tinha boletas do Milei. Eu saio e aviso. O presidente da mesa de votação entrou e disse que todos estavam lá. Eu o disse que faltavam as de Milei e contestaram meu voto. Nunca mais volto a votar".

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