Reduzir o tempo de deslocamento, economizar energia e fixar o cidadão paulistano em seu bairro com boa qualidade de vida, sustentabilidade e resiliência climática. Estas são as propostas do Plano Novos Centros de São Paulo, promovido pela Prefeitura por meio da Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas de São Paulo (Seclima), em parceria com a Universidade São Judas Tadeu.
A primeira região contemplada com a iniciativa é o bairro do Itaim Paulista, na Zona Leste da capital, a partir de uma proposta que já está em curso, o Laboratório Itaim Paulista (LAB Itaim).
Trata-se de um projeto de extensão universitária transdisciplinar de Política Urbana e Planejamento Local da Universidade São Judas Tadeu, que tem como objetivo estudar e compreender os principais desafios do planejamento local, principalmente em relação às ocupações das margens dos córregos (moradias em zona de risco, pontos viciados de descarte de lixo, transposição, drenagem e enchentes) e em relação à poluição do ar.
O Laboratório e seus integrantes pretendem colaborar com poder público local para melhorar a qualidade de vida nessa região.
“Estamos desenvolvendo essa ação também em parceria com comunidades locais e com algumas entidades importantes como a Mabel, que fica na região, a Central Única da Periferia e até com entidades religiosas. Por meio desta troca de ideias vimos um potencial fantástico de replicar esse trabalho, guardadas as devidas proporções, em outras regiões periféricas da cidade. É um casamento de conceitos”, explica o secretário executivo de Mudanças Climáticas, Antônio Fernando Pinheiro Pedro.
Para o subprefeito do Itaim, Guilherme Henrique, a participação da população e o olhar de diversos especialistas sobre o bairro do extremo Leste mostra o potencial que todos têm nas mãos para o desenvolvimento urbano.
Cidades de 15 minutos
De acordo com Pinheiro Pedro, um dos conceitos que a Seclima está desenvolvendo no Itaim Paulista é o das “cidades de 15 minutos”, projeto urbano que tem como propósito melhorar a qualidade de vida dos cidadãos onde tudo pode ser acessado, no máximo, em 15 minutos, seja de transporte coletivo, de bicicleta ou a pé.
“O crono-urbanismo é um importante elemento fixador do indivíduo no local onde vive e promove melhoria na densidade demográfica, o que reduz o tempo de transporte e de deslocamento das pessoas dentro do território, da cidade, do município e diminui o consumo de energia e a emissão de gases de efeito estufa”, enfatizou o secretário.
Novas centralidades
Outro conceito destacado por Pinheiro Pedro, dentro do Plano, é o das novas centralidades.
“As zonas periféricas são os novos centros que envolvem as cidades vizinhas. Se formos ao Itaim Paulista, a Guaianases, notaremos um centro comercial muito pujante, que atende não apenas ao bairro, como também às cidades próximas. Existe um potencial de nova centralidade que merece e deve ser desenvolvido, com apoio da infraestrutura”, disse. De acordo com o secretário, o objetivo é replicar o Plano em todos os bairros periféricos da capital.
Emprego e transporte
A professora Ana Paula Koury, coordenadora do LAB Itaim Paulista e pesquisadora da Universidade São Judas Tadeu, ressalta que a meta do projeto é fortalecer os bairros periféricos, transferindo o sistema de emprego e o transporte do Centro para a periferia. De acordo com ela, para que o governo chegue ao bairro é importante que sejam renovadas as infraestruturas.
“Não devemos nos limitar apenas à melhoria das moradias, mas também cuidar da urbanização, saneamento, eletricidade, água e esgoto”, afirma.
Segundo a acadêmica, fortalecendo a centralidade periférica o mesmo acontece com os princípios de sustentabilidade e resiliência, em função das mudanças climáticas, e diminuídos os índices de pobreza, o que resultará em mais segurança e os benefícios serão divididos por todas as classes econômicas.
“A elevação da temperatura do planeta está criando impacto na nossa forma de vida e a proliferação dos extremos que provocam enchentes, inundações, ondas de calor e aumentam os incêndios. Por isso, é necessário que sejam renovadas as infraestruturas”, conclui Ana Paula.
Modelo sustentável
A professora Maria Izabel Imbronito, que também integra o LAB Itaim e leciona nas universidades São Judas e Mackenzie, destaca que a descentralização é importante para guardar a história, as especificidades locais, as vocações e os modos de vida das comunidades. “Assim, a gestão local consegue, com a participação da população, planejar e implementar projetos de modo mais eficiente, buscando um modelo sustentável de cidade”, explica.
Sociedade civil
O Plano Novos Centros de São Paulo conta com o apoio de entidades como as associações Nélia Mabel, Yrin, Planet Viva e Luz da Sabedoria, além da Central Única da Periferia. “Essa ação da Prefeitura está sendo maravilhosa para o Itaim Paulista”, declarou a presidente da Yrin, Ingrid Jenifer de Araújo Lobato.
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