Natalino elogiou o irmão Jeronimo
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Natalino elogiou o irmão Jeronimo

O corpo de Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho,  morto a tiros na tarde de quinta-feira (4) em Campo Grande, começou a ser velado no cemitério Jardim da Saudade de Paciência. O irmão, Natalino Guimarães, ex-deputado, acusado de fundar junto com ele o maior grupo miliciano do estado, enalteceu a atuação política de Jerominho na Zona Oeste e lamentou a morte dele .

"Ele era um irmão muito querido. Ficou dez anos preso injustamente. Se eu estivesse lá na hora da execução morreria por ele", afirmou Natalino.

Ontem, o juiz Marcelo Rubioli, da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio, autorizou que Luciano Guinâncio Guimarães, filho do ex-vereador e miliciano, preso desde 2008, comparecesse ao enterro do corpo do pai escoltado por agentes da Secretaria de Administração Penitenciária. Até o momento, Guinâncio ainda não chegou ao local. Segundo a família, a não liberou a saída dele do presídio.

Jerominho foi executado à luz do dia por três homens armados, dois deles com fuzis, na Estrada Guandu do Sapê, em frente ao centro social mantido por ele bairro da Zona Oeste. Ele havia acabado de sair do local, acompanhado pelo cunhado, quando foi surpreendido pelo bando armado. O ataque durou pouco mais de 40 segundos. Jerominho, fundador do maior grupo miliciano do estado, ainda foi socorrido para o hospital Oeste Dor, mas não resistiu.

O assassinato de Jerominho acontece em meio a uma guerra interna na milícia que ele mesmo ajudou a fundar. No ano passado, após a morte do então chefe do grupo paramilitar, Wellington da Silva Braga, o Ecko, dois homens passaram a disputar a sucessão: Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, irmão de Ecko, que passou a controlar a milícia na Zona Oeste, e Danilo Dias Lima, o Tandera, ex-braço direito do antigo chefão, que hoje domina regiões da Baixada Fluminense controladas pelo bando. Desde junho do ano passado, ambos os grupos promovem ataques para tentar invadir áreas dos rivais e aumentar seus territórios.

A polícia investiga se o homicídio tem ligação com essa guerra. No entanto, agentes que investigam o grupo afirmam que Jerominho não exercia mais um papel de chefia, apesar de sua influência e poder político em Campo Grande. O ex-vereador já não tinha mais proximidade com nenhum dos dois grupos que disputam o poder atualmente.

Jerominho já havia rompido com Zinho e seus irmãos em 2014, quando não apoiou a ascensão de Carlinhos Três Pontes ao comando da milícia. Desde 2018, quando foram soltos, Jerominho e Natalino vivem em Campo Grande, território sob controle de Zinho, mas, segundo a polícia, ambos não têm poder de mando, nem nenhum tipo de relação com o atual chefe.

O ex-vereador também não mantém uma boa relação com Tandera, que, após a morte de Ecko, se aproximou de seu desafeto Toni Ângelo. Investigações da polícia apontam que os dois se aliaram para tentar retomar as áreas sob o controle de Zinho. Ao todo, Jerominho passou 11 anos preso sob a acusação de chefiar a milícia.

Vida política

Três dias antes de o ex-vereador e miliciano Jerônimo Guimarães, o Jerominho, ser executado a tiros em frente a seu centro social em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, ele anunciou apoio à candidatura de um coronel da PM à deputado federal. Durante uma reunião aberta ao público em sua casa, no mesmo bairro, Jerominho recebeu o oficial, Sergio Amâncio da Silva Porto (PROS), e um pré-candidato a deputado estadual, Jalmir Junior (PRTB). Fotos publicadas em redes sociais pelos pré-candidatos mostram a casa de Jerominho lotada na ocasião. Na véspera do encontro, o miliciano havia postado em seu perfil numa rede social um texto em apoio a Porto e Junior: "Tenho certeza que a população estará bem representada com esses dois homens".

No início deste ano, Jerominho chegou a anunciar que seria candidato a deputado federal nas próximas eleições. Ele era filiado ao partido Patriota. No entanto, logo após o anúncio, o ex-vereador foi preso devido a uma condenação antiga por extorsão a mão armada contra motoristas de vans, um crime cometido em 2005. Menos de uma semana depois, ele foi solto porque a Justiça detectou que Jerônimo Guimarães Filho já havia cumprido o total da pena, mas o prosseguimento da candidatura, não era visto com bons olhos dentro do partido, já que ele estava inelegível.

Jerominho teve dois mandatos como vereador do Rio entre 2001 e 2008. Para o primeiro mandato foi eleito com 20.560 votos e no segundo, recebeu 33.373. Em 2017, o segundo mandato do ex-vereador foi interrompido. Ele foi preso, acusado de envolvimento com milícias.

Na Câmara do Rio, Jerominho negava ser miliciano. Mas, de uma maneira irônica, chegou a ir para o plenário com uma bolsa com dezenas de ovos de Páscoa com o símbolo do Batman. O político é apontado pelas autoridades como o fundador da milícia Liga da Justiça, grupo criminoso acusado de praticar homicídios e cobrar taxas de moradores na Zona Oeste.

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