Juliana Soares conta detalhes da agressão em entrevista
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Juliana Soares conta detalhes da agressão em entrevista

Sete meses antes de ser brutalmente agredida com 61 socos em 36 segundos em um elevador , no dia 26 de julho de 2025, em Natal (RN), Juliana Soares já havia sido empurrada ao chão pelo então namorado, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral . Em entrevista ao Domingo Espetacular, neste domingo (03), a mulher relatou a ordem dos acontecimentos.

Na ocasião, ela decidiu não registrar boletim de ocorrência por acreditar que o episódio havia sido um “ impulso ”. Hoje, aos 35 anos, após sobreviver a uma tentativa de feminicídio, diz: “ Eu sobrevivi a tudo isso para dar voz às mulheres que não tiveram a mesma chance ”.

Juliana revelou que Igor, de 29 anos, já apresentava comportamentos violentos e possessivos desde o início da relação. “ Ele era muito controlador, mas ele mesmo sempre justificava isso como uma forma de amor ”, contou.

Ela também relatou que Eduardo tinha histórico de agressões a outras pessoas e que, ao longo do relacionamento, chegou a quebrar dois celulares dela por ciúmes.

Na tarde do sábado em que ocorreu a agressão, o casal havia recebido amigos na área comum do condomínio onde moravam, no bairro de Ponta Negra.

Após uma discussão motivada por ciúmes, Igor tomou o celular de Juliana e arremessou o aparelho na piscina. “ Eu peguei a minhas coisas, minha bolsa, e fui lá para o bloco, me sentei no banquinho e fiquei lá tomando um a r”, relatou.

Pouco depois, ele subiu até o apartamento dela, no 16º andar, enquanto Juliana acessava o prédio pelo elevador de serviço . Ao se encontrarem, Igor tentou impedir que ela entrasse em casa. Ela se recusou a sair do elevador por saber que fora dali não haveria câmeras . Foi então que ele ameaçou: “ Então você vai morrer ”.

Sessenta e um socos em 36 segundos

O ataque foi registrado pelas câmeras de segurança . No canto do elevador, Juliana tentou se proteger como pôde.

Eu projetei o meu braço na frente do meu rosto para tentar me defender. Eu lembro que naquele momento o meu propósito era me manter viva, me manter consciente, na medida do possível, porque se eu me entrega-se, eu tenho certeza que eu não estarei aqui para contar essa história ", disse.

Ela se lembra de ter implorado para ele parar. “ Ele não dizia nada, ele só me batia. Eu não tenho dúvida, acho que ele queria me matar ”, relata Juliana.

Quando o elevador chegou ao térreo, a violência cessou. Igor ajeitou os chinelos e deixou o local com frieza. Uma moradora chamou a polícia após ver as imagens no monitor da portaria. “ Demorou cerca de 10 minutos até os policiais chegarem ”, contou o porteiro ao Domingo Espetacular. Igor foi preso em flagrante por tentativa de feminicídio .

Juliana sofreu fraturas em quatro ossos do rosto e passou por cirurgia de reconstrução facial . Além da estética, há sequelas funcionais. “ Não consigo mastigar ", relatou.

Ainda se recuperando, ela evita mostrar o rosto, mas fez questão de documentar os hematomas. “ Quero que minha história represente as mulheres que não puderam contar a delas ”.


Alegações e contradições do agressor

À polícia, Igor alegou ter sofrido “ ataque claustrofóbico ”. Em dois anos de relacionamento, ela diz nunca ter ouvido qualquer menção dele sobre claustrofobia. Posteriormente, em audiência de custódia, ele afirmou ter ingerido bebida alcoólica e usado cocaína antes da agressão, além de utilizar anabolizantes regularmente.

Já preso,  Igor relatou ter sido agredido e ameaçado dentro da unidade prisional. Exames de corpo de delito apontaram lesões leves. A Secretaria da Administração Penitenciária (SEAP) informou ao Portal iG que adotou providências imediatas ao tomar conhecimento do caso.

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