A Polícia Federal (PF) conseguiu recuperar os dados do celular de Francisco Wanderley Luiz, que morreu no mês passado após realizar um ataque à sede do Supremo Tribunal Federal (STF) com explosivos. A investigação, que apura o atentado ocorrido em novembro, visa obter mais informações sobre o planejamento do ataque e identificar possíveis outros envolvidos ou financiadores .
O conteúdo do aparelho já foi enviado para a equipe da Diretoria de Inteligência da PF, onde será analisado para desvendar mais detalhes da organização do atentado.
O celular foi encontrado em um trailer alugado por Luiz, que estava estacionado próximo ao STF. A recuperação dos dados foi considerada difícil pela PF, pois o aparelho estava danificado devido à explosão.
A equipe do Instituto de Criminalística da PF, em Brasília, enviou o celular para São Paulo, onde peritos conseguiram extrair todas as informações. O material retornou a Brasília nesta semana e agora faz parte da investigação conduzida pela divisão de combate ao terrorismo da PF.
De acordo com fontes ligadas à investigação, os investigadores estão analisando as mensagens trocadas no celular de Luiz para descobrir mais sobre o planejamento do ataque e o envolvimento de outras pessoas. O autor do atentado também foi encontrado com um trailer carregado com fogos de artifício, estacionado ao lado de seu carro no estacionamento do anexo 4 da Câmara dos Deputados, próximo ao STF. Os fogos explodiram momentos antes de Luiz atacar o Supremo com bombas caseiras. Apesar do atentado, ninguém ficou ferido, e o único fatalidade foi Luiz, que morreu após um dos artefatos explodir em sua cabeça.
A investigação continua com a realização de perícias no local do atentado, nas imediações do STF, um trabalho que deve ser concluído somente no final deste ano, conforme apurado. Além disso, um exame toxicológico de Francisco Wanderley Luiz está em preparação, e o laudo necroscópico revelou que ele morreu devido a "traumatismo cranioencefálico provocado por explosão". O documento ainda apontou que Luiz segurava o artefato explosivo "junto à própria cabeça" no momento da explosão, evidenciado pelas fraturas na mão direita.
O ataque ocorreu por volta das 20h30, quando Luiz tentou invadir o STF portando explosivos. Impedido de entrar, ele atirou alguns artefatos contra a fachada do prédio e, em seguida, deitou-se na Praça dos Três Poderes, onde morreu após uma nova explosão.
Francisco Wanderley Luiz, que foi candidato a vereador em Santa Catarina em 2020, recebeu 98 votos, mas não foi eleito em Rio do Sul (SC). Quatro meses antes do ataque, ele se mudou para Brasília em busca de trabalho, segundo relatos de sua família, que afirmou não saber dos seus planos.
A ex-mulher de Luiz, Daiane Dias, também morreu após atear fogo em si mesma e na casa onde o casal morava em Rio do Sul. O incêndio, que ocorreu em 17 de novembro, foi considerado intencional pela Polícia Civil de Santa Catarina. Daiane faleceu 16 dias após o incidente, devido a queimaduras graves.