Policiais agrediram e ameaçaram clientes de adega
Reprodução/TV Globo
Policiais agrediram e ameaçaram clientes de adega


Na madrugada de domingo (22), a Polícia Militar agrediu funcionários e clientes de uma adega em Ribeirão Preto , SP , após serem acionados por conta do barulho alto. Imagens de câmeras de segurança, obtidas pelo Fantástico, mostram a ação violenta dos agentes.

As informações são de que jovens estavam na rua realizando uma espécie de festa não autorizada. O barulho alto estava incomodando a vizinhança, que acionou a PM . O caso aconteceu na madrugada de sábado para domingo.

Disparos e ameaças

Com a chegada da polícia, começaram os disparos de bombas e gás. Logo em seguida, todos começaram a correr, e o proprietário decidiu fechar as portas da adega. Ele afirmou que não promoveu o baile funk que ocorreria ali.

Por causa do tumulto, alguns clientes ficaram do lado de dentro da loja. Os policiais pediram que o proprietário abrisse a porta da adega, segundo ele, com gritos e ameaças de morte. "Eu falei: senhores, eu tenho um portão lateral. Se o senhor aguardar, eu abro. Mas, do jeito que vocês estão, não tem como. Se vocês estão dizendo que vão matar, eu vou abrir e vocês vão nos matar", disse o dono, que preferiu não ser identificado. A entrevista foi feita pelo Fantástico.

Os PMs forçaram a entrada ao arrombarem a porta de ferro, dando cerca de 37 chutes. Assim que conseguiram entrar, derrubaram um balcão. Um deles agrediu um funcionário da adega, que estava com as mão na cabeça, com um cassetete.

Clima de medo

O proprietário da adega precisou ligar para a PM para pedir socorro contra os policiais presentes na ação. Em ponto registrado pelas câmeras, um agente empurrou um cliente de 61 anos, que caiu em cima de uma moto. Em seguida, ele ainda levou um tapa de um policial.

Outro cliente que estava no mesmo corredor e que também não ofereceu resistência recebeu 17 golpes de cassetete. O jovem começou a gritar: "Pelo amor de Deus". O agente teria respondido: "Nem Deus vai te livrar" e continuou a bater.

"Não ofereci nenhum tipo de reação. Todo momento com a mão na cabeça. Cenas de terror de pessoas que a gente imaginava que deveriam ser nossos heróis", disse o filho do dono da adega ao Fantástico.

Uma das mulheres que estava no local disse que os agentes xingavam os clientes o tempo todo. Além das ofensas, uma mulher também foi agredida. 

"Bateram em pessoas de bem. Você não vê em momento algum as vítimas sendo revistadas. Foi um verdadeiro procedimento fora de qualquer padrão", disse Alexandre Durante, advogado do dono do depósito de bebidas.

“O policial começa a me bater, me bater. E eu só seguro o meu filho para o PM não acertar ele. A minha filha desmaiou", contou o dono da adega.

Câmeras de segurança

O comerciante disse que os PMs notaram que havia câmeras por toda parte; eles pediram as filmagens, mas não conseguiram encontrá-las. Os agentes acharam máquinas caça-níqueis no local. Levaram o proprietário e o filho para a delegacia algemados. Vão responder por contravenção penal.

O que diz a PM

Guarcy Mingardi, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, disse que aconteceu "uma série de erros que, com certeza, não estão dentro dos procedimentos policiais. Nenhum indivíduo ali opôs resistência, então não haveria nenhuma necessidade de uso de violência".


A corregedoria da Polícia Militar afirmou que investiga o caso da adega em Ribeirão Preto.

Já a secretaria de Segurança Pública de SP informou que "remanejou os agentes envolvidos para funções administrativas" e que "a instituição não tolera excessos ou desvios de conduta, punindo com rigor toda irregularidade comprovada". Veja cenas gravadas pelas câmeras.

PM agredindo um cliente que não reagiu
Reprodução/TV Globo
PM agredindo um cliente que não reagiu






Policiais apontado arma para clientes e funcionários
Reprodução/TV Globo
Policiais apontado arma para clientes e funcionários


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