Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara de São Paulo
Reprodução/Facebook
Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara de São Paulo

A empresa de ônibus Transwolffacusada de lavar dinheiro para a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) , faz pagamentos mensais à construtora do presidente da Câmara Municipal de São Paulo , Milton Leite (União Brasil). As informações são do UOL.

O valor mensal pago pela empresa de ônibus à construtora Neumax é de R$ 812 mil, referente ao aluguel de um conjunto industrial e de um terreno na zona Sul da capital. O contrato é assinado por Milton Leite e por Luiz Efigênio Pacheco, o Pandora , dono da Transwolff e acusado de ser integrante do PCC. 

Pandora também assina como fiador do aluguel. Até agosto deste ano, o acordo rendeu aproximadamente R$ 20 milhões à construtora do vereador, que ele administra ao lado dos filhos - o deputado estadual Milton Leite Filho e o deputado federal Alexandre Leite, ambos filiados ao União Brasil.

O contrato foi assinado em janeiro de 2022 e se encerra em dezembro de 2026. O documento prevê um desconto de R$ 367 mil no pagamento dos três primeiros meses de aluguel, de janeiro a março de 2022. A soma de todos os depósitos até agosto de 2024 é R$ 20 milhões.

A área alugada pela Transwolff tem 18 mil m², num terreno de 60 mil m² ao todo.  Consulta simples com os números de IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) no site da Prefeitura de São Paulo revela que o valor venal dos imóveis é de R$ 58 milhões.

Dessa forma, o aluguel considerado justo no mercado é de 0,5% dos R$ 812 mil pagos à construtora de Leite, o que daria R$ 290 mil por mês.

Além do contrato de aluguel, a Neumax também é citada em um relatório de auditoria independente de contas da empresa de ônibus como um de seus "principais fornecedores" entre 2021 e 2022.

Operação Fim da Linha

O contrato revela a relação comercial de Leite com a empresa de ônibus, que ele sempre negou. O caso está na mira do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que deflagrou a Operação Fim da Linha para apurar infiltração da facção no sistema de transporte por ônibus da cidade. 

Pandora chegou a ser preso durante a operação, mas foi solto após um habeas corpus.

O que dizem as defesas

Leite tem negado a relação com o PCC desde que a Operação Fim da Linha estourou. Sobre os aluguéis, ele afirmou via assessoria que o valor do aluguel "é muito menor" do que o citado no contrato.

"A Neumax comprou a área para outros projetos e, a pedido da viação, alugou parte do imóvel apenas por um curto período. A área ainda será usada para os projetos originais da construtora", declarou em nota enviada ao UOL.

Em julho, para negar a relação  com a facção, o vereador havia afirmado que tem uma "relação institucional" com todos os empresários e sindicalistas do setor de transporte.

A defesa de Pandora informou que ele está judicialmente impedido de dar entrevista sobre os autos.

"Somente o Ministério Público, na pessoa de seu titular do Gaeco, pode dar entrevistas em todos meios possíveis de comunicação, sem prévia autorização. Entendemos que não estão sendo respeitados os direitos do investigado, que solicitou uma coletiva junto a imprensa. Não se encontraram respeitadas as paridades de armas, pois o Ministério Público não está sujeito à mesma fiscalização da defesa", afirmou o advogado Roberto Teixeira Leite, que defende Pandora.

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