Juliana Domingues
Reproduçao TV Globo
Juliana Domingues

A delegada Juliana Domingues relatou ao Fantástico, da TV GLOBO, neste domingo (1º), as agressões sofridas pelo seu ex-marido no período em que ela chefiava a Delegacia de Atendimento à Mulher de Volta Redonda, no interior do estado do Rio. Na época, o seu cônjuge era o tenente-coronel da Polícia Militar Carlos Eduardo da Costa, que atualmente é coordenador de segurança do Tribunal Regional Federal do Rio.

Segundo as declarações da delegada, por vezes, Costa a batia de cinto. Segundo ela, ele se gabava de estar batendo na chefe da delegacia da mulher.

"Por muitas vezes eu apanhava de cinto. Por várias vezes ele também me fazia contar as cintadas. Uma vez ele me bateu na frente do meu filho, me deu um tapa no rosto. Na época dos fatos, eu era delegada da Delegacia de Atendimento à Mulher. Isso me fez pensar muito. Antes, eu tinha vergonha, porque como isso foi acontecer comigo?".

"Ele falava pra mim, por várias vezes que ele me agrediu: 'Eu bato na delegada da DEAM. E o que você vai fazer?'", relata.

A delegada conta que as agressões (físicas e psicológicas) começaram logo na lua de mel, após crises de ciúmes excessivos.

"Principalmente quando eu tirava plantão, eu tinha que ficar com a localização em tempo real ligada. Porque ele dizia que eu não estava trabalhando, que eu estava na rua aprontando, e eu trabalhando. Eu tinha que falar pra ele todos os meus passos".

Ainda de acordo com a delegada, ela chegou ao limite quando Eduardo disse que o casal iria ao teatro com duas amigas dele. Ela não se animou com a ideia e relata um episódio de estupro.

"Ele me levou para o nosso quarto, e ali ele me estuprou. Ele fez sexo comigo contra a minha vontade. E eu chorei muito. E eu pedi para ele parar. E óbvio que ele não parou. E ele, quando terminou, virou para mim e falou: “E agora você vai tomar seu banho? Porque o teatro é às 4 horas da tarde.”

Já na condição de vítima, Juliana entrou na delegacia da mulher e denunciou o agressor, passando por exames de corpo e delito, que registraram um hematoma na região malar, ou seja, na maçã esquerda do rosto, um segundo hematoma no glúteo e uma escoriação compatível com unhadas.

Entre as testemunhas interrogadas pela polícia, estavam duas funcionárias do casal, que confirmaram que Juiana convivia com marcas de violência física. 

O ex-marido também foi ouvido e confirmou que usava cinto e outros aparatos com Juliana, porém eram apenas durante o ato sexual. Segundo ele, tudo era "da vontade deles" e que "tudo era consentido."

" Enfrentei toda minha vergonha, na qualidade de delegada que trabalha com isso, de expor como eu estou expondo que fui vítima disso. Quando eu comecei a ver que o que estava acontecendo comigo estava atingindo os meus filhos, isso me tocou muito", conta.

Eduardo foi denunciado pelo Ministério Público do Rio por dois estupros contra Juliana, por lesão corporal e violência psicológica. A queixa foi registrada em agosto e o julgamento está marcado para este mês. 

"Eu acho importante dividir a minha história, justamente porque eu sei que, infelizmente, muitas mulheres estão passando pelo que eu passei, com medo e vergonha. Eu quero dizer pra elas que elas não se sintam assim. Que existe ajuda, rede de apoio, e que elas têm que ter força de vontade para sair dessa situação".

A reportagem do Fantástico não conseguiu falar com Eduardo.

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