Uma análise do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), publicada nesta terça-feira (27), apontou que mais de 80% das queimadas no estado de São Paulo na última semana ocorreu em áreas de uso agropecuário, e que a cortina de fumaça formada pelos incidentes tomou conta de dezenas de municípios em apenas 90 minutos.
Todos os 2,6 mil focos de calor que apareceram desde a última sexta-feira (23) já foram controlados, conforme a Defesa Civil do estado de São Paulo. Investigações estão em curso para buscar pelos culpados. As informações são do jornal O Globo.
A quantidade de queimadas no território do estado de São Paulo na última sexta-feira superou o número de incêndios em toda a Amazônia, e foi diante disso que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apontou para a hipótese de ter sido um "dia de fogo" - com ações propositalmente orquestradas e de caráter criminoso.
Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam, também acredita que a ocorrência foge da normalidade: "Não é natural surgirem tantos focos de calor em um curto período, ainda mais em uma região como São Paulo. É como se fosse um Dia do Fogo exclusivo para a realidade do estado, evidenciado pela cortina de fumaça simultânea que surge visualmente a oeste", explica.
O estudo conduzido pelo instituto utilizou de informações de satélites como referência para identificar focos de calor e dados de cobertura e uso da terra, de 2023, produzidos pela Rede MapBiomas, da qual o Ipam faz parte. Ainda, usaram-se imagens do satélite GOES para visualização da fumaça e anomalia térmica.
As imagens mostraram o surgimento de colunas de fumaça em um intervalo de apenas 90 minutos, entre 10h30 e 12h da sexta-feira. Ainda, entre a manhã e o final da tarde daquele dia, registrou-se um aumento do número de focos de calor, de 25 para 1.886, de acordo com outro satélite; foram computados 2.6 mil focos ao todo.
Dados sobre as áreas das queimadas
- 44,45%: Cultivo de cana-de-açúcar
- 19,99%: mosaico de usos (pasto e ou agricultura)
- 16,77%: vegetação nativa
- 9,42%: pastagens
- 7,43%: silvicultura, soja, citrus, café e outras lavouras.
Cinco cidades apresentaram 13,31% dos focos que se deram nos três dias dentro do estado de São Paulo: Pitangueiras (3,36%); Altinópolis (3,28%); Sertãozinho (2,4%); Olímpia (2,17%); e Cajuru (2,1%), todas na região de Ribeirão Preto, com exceção de Olímpia, que fica no polo de São José do Rio Preto.
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