Erika de Souza Vieria Nunes, a sobrinha de Paulo Roberto Braga, o 'Tio Paulo', que foi levado já morto para pegar um empréstimo em um banco , falou pela primeira vez sobre o caso após sair da cadeia. A dona de casa contou, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que o idoso pediu para ir até a agência bancária.
Quando questionada se não notou que Paulo não estava sem condições de ir ao banco, ela respondeu: 'Não, porque ele me pediu para ir'. Além disso, afirmou que o trajeto da casa até à agência foi tranquilo, e que os dois chegaram a ter um diálogo ainda na rua, antes de entrarem na unidade.
Érika disse que perguntou ao idoso se ele ficaria mais confortável caso apoiasse a cabeça dele. "Eu perguntei se assim ficaria melhor, ele disse que sim".
A mulher afirmou que não percebeu que o tio já estava morto quando seguiram para o atendimento, e se defendeu das acusações.
"Foram dias horríveis longe da minha família. Vivi momentos da minha vida que não suportava mais. Muito difícil. Foi horrível, eu não percebi que meu tio estava morto. [...] Eu não sou essa pessoa que estão falando, não sou esse monstro", disse emocionada.
Ela argumentou , ainda, que o uso de remédios controlados pode ter afetado sua memória sobre a sequência de acontecimentos dentro do banco.
"Como eu faço tratamento, eu tomava zolpidem, às vezes tomava mais do que um. [O esquecimento] não sei se foi efeito do remédio que eu tinha tomado naquele dia", afirma.
Na entrevista, a defesa de Érika disse que a relação entre ela e o tio Paulo era 'ótima'.
"A relação [com Paulo Roberto, o tio] era ótima. Ele era independente, fazia o que queria. Ele tinha uma mente boa. Não era cadeirante e eu não era cuidadora dele", disse a advogada de Érika.
Tio Paulo ficou internado por uma semana antes de morrer
Érika contou que Paulo Roberto ficou internado por uma semana antes do ocorrido, e que os médicos não deram nenhuma orientação para ela após a alta do tio.
"Me deram uma receita de um remédio de cinco dias, eu comprei o remédio e a fralda. Eu pensei que ele ia ter uma melhora, que era só uma pneumonia", conta.
Justiça mandou soltar Érika nesta quinta (2), mas a tornou ré
A Justiça do Rio de Janeiro mandou soltar Érika nesta quinta-feira (2) , após duas semanas na prisão. Entretanto, acatou uma denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro que a tornou ré pelos crimes de tentativa de estelionato e vilipêndio de cadáver.
Ao oficializar a soltura de Érika, a magistrada Luciana Mocco, titular da 2ª Vara Criminal de Bangu, argumentou que a mulher é "acusada primária, com residência fixa, não possuindo, a princípio, periculosidade a prejudicar a instrução criminal ou colocar a ordem pública em risco".
"Entendo que as especulações [da grande repercussão do caso em rede nacional e internacional] não encontram amparo na prova dos autos a justificar a medida excepcional do cárcere, ressaltando-se, por oportuno, que o clamor público não é requisito previsto em lei para decretação ou manutenção da prisão", disse Luciana.
Érika também é investigada, em outro inquérito, por homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar. A Polícia Civil ainda está decidindo se indiciará a mulher por esse crime.
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