O jornalista norte-americano foi convidado a participar de uma audiência na Comissão de Comunicação e Direito Digital do Senado brasileiro nesta quinta-feira (11). Ele apresentou e-mails que indicam possível interferência do ministro Alexandre de Moraes no X - antigo Twitter.
O convite foi proposto pelo senador Magno Malta (PL-ES), alinhado ao governo Bolsonaro, e foi aprovado nesta quarta-feira (10). Além de Shellenberger, o jornalista brasileiro David Ágape, responsável pela divulgação dos e-mails, também foi convidado para a audiência.
O caso ficou conhecido como "Twitter Files Brasil". "Essa aprovação é essencial, porque vai permitir que seja dada voz a uma denúncia gravíssima que ocorreu no nosso país recentemente, secundada posteriormente pelo senhor Elon Musk, de que houve durante o processo eleitoral uma interferência por parte do Poder Judiciário", disse o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN).
O jornalista Michael Shellenberger, conhecido por minimizar a gravidade do aquecimento global, tem uma história marcada por mudanças ideológicas. Aos 17 anos, demonstrou solidariedade à revolução sandinista na Nicarágua. Angariou fundos para cooperativas de mulheres na Guatemala aos 23 anos. Em seus 20 e poucos anos, fez pesquisas com pequenos agricultores na região próxima à Amazônia, lutando contra invasões de terras.
Shellenberger viveu no Brasil em 1992, período em que se considerava "muito de esquerda". O jornalista afirma ter conhecido Lula e ter tido decepção com a esquerda. "Entrevistei Lula pessoalmente em 1994, entrevistei o Daniel Ortega [presidente da Nicarágua] e trabalhei por pouco tempo com Hugo Chávez [ex-presidente Venezuelano morto em 2013]", disse ele em entrevista ao Correio do Povo, em 2021.
Ele nega, porém, ser bolsonarista. "Não sou fã nem de Bolsonaro, nem de Trump", escreveu no X. "As minhas opiniões políticas são muito moderadas. Mas eu reconheço a censura quando a vejo".
Nas redes sociais, ele disse "não temer nem o diabo nem Moraes".
Moraes x Musk
O dono do Twitter, Elon Musk, lançou ataques contra Moraes no X, sugerindo até o fechamento do escritório da rede social no Brasil e questionando a "censura" no país. O empresário criticou as ações do ministro do STF, que é relator de casos sensíveis e presidente do TSE. Moraes é conhecido por suspender perfis em redes sociais, incluindo o X, por disseminação de desinformação e ataques às urnas eletrônicas.
O X afirmou que foi obrigado por decisões judiciais a bloquear certas contas populares no Brasil, sem saber as razões por trás dessas ordens. Musk pediu a renúncia ou impeachment de Moraes, chamando-o de 'Darth Vader do Brasil', e prometeu revelar como as decisões do ministro supostamente violam as leis brasileiras.
Em resposta aos ataques, Moraes determinou à PF a abertura de inquérito para investigar a conduta de Musk, incluindo possíveis crimes de obstrução à Justiça e incitação ao crime. O empresário também será investigado no inquérito das milícias digitais.
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