Ramagem despachava com Bolsonaro, mas tinha mais contato com Heleno

Ramagem também afirmou que não atendeu a nenhum pedido ilícito vindo do vereador Carlos Bolsonaro ou sua assessoria

Foto: Divulgação: PF
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ)


Em entrevista exclusiva ao blog da jornalista Andréia Sadi nesta quinta-feira (1º), o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem reclamou do inquérito que o investiga por supostamente comandar um esquema ilegal de espionagem contra desafetos da família Bolsonaro, usando a estrutura da Abin. 

O depoimento dele à Polícia Federal no âmbito desta investigação deve ser prestado no final deste mês de fevereiro, um mês depois de sua casa ter sido  alvo de operações de busca autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ramagem também afirmou que apesar de sua amizade com Bolsonaro e seus filhos, não atendeu a nenhum pedido ilícito vindo do vereador Carlos Bolsonaro.


Um dos indícios da existência de uma Abin paralela é uma troca de mensagens em que a assessora de Carlos, Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, pedia os números de inquéritos que envolveriam o ex-presidente e os filhos. 

Na entrevista, Ramagem afirmou que não respondeu à mensagem de Luciana Paula, e chamou a assessora de “desavisada”.

Fechando o cerco

Com o avanço das investigações chegando cada vez mais perto do entorno bolsonarista, o maior medo de Ramagem e outros apoiadores é que a apuração das supostas irregularidades chegue ao próprio Jair Bolsonaro.

A estratégia do grupo político do ex-presidente tem sido jogar a responsabilidade sobre a espionagem ilegal “no colo” do  general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - a Abin faz parte do organograma do GSI - que ficou no cargo durante todo o mandato de Bolsonaro como presidente.


Convocado a depor, Heleno deve falar à Polícia Federal sobre sua relação com Ramagem, além de afirmar que o ex-diretor da Abin costumava despachar diretamente com o então presidente da República.

Ao blog de Andréia Sadi, Ramagem afirmou que costumava, sim, despachar com Bolsonaro, mas que “na maioria das vezes” era com Heleno, que era seu “superior hierárquico”.