O governo federal avalia a demissão da cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) após investigações da Polícia Federal (PF) apontarem que haveria um acordo da atual gestão para blindar investigados de comporem um esquema espionagem ilegal, a chamada "Abin Paralela".
De acordo com o blog da jornalista Andréia Sadi no G1, investigadores da PF têm avaliado como "insustentável" a continuidade de membros da alta direção da Abin. Uma corrente dentro desse contexto advoga pela exoneração do diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor Alessandro Moretti.
A Polícia Federal revelou que cerca de 1,5 mil números de telefones foram alvo de espionagem ilegal pela Abin. As acusações apontam para o uso indevido da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro para monitorar autoridades e rivais políticos.
O principal alvo das investigações é Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da pasta, que teria sido o responsável por comandar as ilegalidades. Em uma ação coordenada, a Polícia Federal realizou busca e apreensão contra Ramagem, visando esclarecer sua suposta participação no uso irregular da Abin.
A PF afirmou que a Abin utilizou o software FirstMile durante o período em que Ramagem ocupava o cargo de diretor-geral do órgão, durante o governo Bolsonaro.
Esse software, adquirido durante a gestão do ex-presidente Michel Temer, foi utilizado de forma ilegal para monitorar a localização de aparelhos telefônicos pertencentes a políticos, policiais, servidores públicos, membros do poder judiciário e jornalistas.
Em resposta às acusações, a Abin emitiu um comunicado
esclarecendo que o contrato referente ao software em questão teve início em 26 de dezembro de 2018 e foi encerrado em 8 de maio de 2021. Além disso, afirmou que a solução tecnológica não está mais em uso desde então.