O Ministério Público Federal de Minas Gerais apura uma nova denúncia de espionagem ilegal por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O segundo sistema na mira dos procuradores seria usado para a invasão em massa de computadores. A informação foi divulgada pela jornalista Camila Bonfim, da GloboNews.
O procurador Carlos Bruno Ferreira da Silva já pediu para incluir essa investigação na denúncia já em andamento no Ministério Público, que apura outra espionagem ilegal durante o governo Bolsonaro.
No despacho, o procurador diz que passará a investigar o possível uso ilegal do sistema por ser um "tema conexo" à apuração original – relacionada ao sistema FirstMile, usado para rastrear pessoas a partir da geolocalização dos celulares sem aval da Justiça.
A Polícia Federal também colabora na investigação.
O software usado era, na verdade, um malware , que invade PCs e acessa todo o conteúdo dos computadores. Normalmente, ele é introduzido em um dispositivo por meio de um e-mail, por uma mensagem de texto, pelo uso do WhatsApp em computadores ou por acesso físico (por exemplo, inserindo um pendrive na máquina).
Sem saber que está com a máquina contaminada, o usuário pode ter todas as suas informações acessadas pelos espiões.
Outra espionagem ilegal
Segundo as denúncias iniciais, a Abin também utilizou um sistema secreto de espionagem com capacidade monitoramento da localização de até 10 mil cidadãos em todo o território nacional, através apenas do número do celular da pessoa. Documentos e relatos de servidores sugerem que a utilização do sistema era feita sem qualquer protocolo ou registro oficial.
A ferramenta "FirstMile", pivô do caso, é geralmente utilizado por agências de serviço secreto ou de espionagem de guerra ou política. O software foi adquirido em 2018, ainda no governo Michel Temer, por pouco mais de R$ 5 milhões.
O programa secreto dá aos investigadores o poder de apenas digitar o número de um contato telefônico para encontrar a localização do aparelho e acompanhar a último endereço do contato no mapa.
O questionamento do Planalto é que a Abin não tem autorização legal ou constitucional para acessar dados privados. Isso gerou questionamentos até mesmo entre membros do órgão.