
Durante a reunião plenária da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe) da última terça-feira (22), a deputada estadual Rosa Amorim (PT), que é lésbica, subiu à tribuna da Casa para denunciar ameaças de estupro corretivo recebidas em seu e-mail institucional. Nesta semana, em pleno mês da visibilidade lésbica, o mesmo tipo de ameaça foi feito a três parlamentares de Minas Gerais .
O termo “estupro corretivo” é utilizado para designar a violência sexual cometida contra pessoas LGBTQIAPN+ com a intenção de “corrigir” sua orientação sexual. O e-mail direcionado à deputada afirmava que o estupro seria uma forma de promover a “cura lésbica” . Na Alepe, Rosa foi categórica ao afirmar que “esse tipo de ameaça não vai nos paralisar nem nos tirar da política”.
“A gente sabe muito bem que a violência política de gênero afeta principalmente nós, mulheres parlamentares, e a disseminação do ódio que aconteceu nesses últimos quatro anos do Governo Bolsonaro só autoriza a iniciativa desses misóginos”, disse a parlamentar.
Em nota, a Alepe repudiou a violência cometida contra Rosa Amorim, alegando que “por determinação da Mesa Diretora da Casa, estão sendo tomadas as medidas legais cabíveis contra as ameaças feitas à deputada Rosa Amorim (PT)”.
Em outro trecho, o comunicado informa que “a investigação já começou e as equipes estão aprofundando os dados para identificar, junto com a Polícia Civil, a autoria das mensagens”, e que o caso ficará sob responsabilidade do delegado geral Ariosto Esteves, na posição de superintendente de Inteligência Legislativa (Suint).
Repercussão política
A denúncia de Rosa teve ampla repercussão política, com manifestações de apoio à parlamentar e repúdio à ameaça de violência que ela sofreu sendo feitas por políticos e movimentos sociais.
Além de prestar solidariedade, a governadora Raquel Lyra (PSDB) afirmou, por meio das redes sociais, que determinou a instauração imediata de um inquérito para apurar o caso. Por sua vez, a vice-governadora Priscila Krauseafirmou ser "indignante saber que as mulheres, principalmente as que atuam na política, ainda sofrem esse tipo de crime.”
A senadora Teresa Leitão (PT-PE) também se manifestou em solidariedade a Rosa Amorim, alegando que se os responsáveis pelo crime “pensam que vão calar ou intimidar Rosa, não a conhecem. Nem nos conhecem, porque Rosa não está só. Somos fortes, resistentes e livres”.
Durante uma fala pública no Senado, Humberto Costa (PT-PE) citou a violência de gênero contra Rosa e outras parlamentares, afirmando que “parecem ser coisas articuladas para semear um terror político junto a essas parlamentares, que são, todas elas, bastante combativas”.