Um dia após seu depoimento à CPMI dos atos golpistas, o hacker Walter Delgatti foi chamado a depor novamente à Polícia Federal nesta sexta-feira (18), para relatar aos investigadores informações novas que ele apresentou quando foi ouvido pela comissão no Congresso, além de esclarecer algumas contradições.
Na CPMI, Delgatti, mais conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, disse que Bolsonaro e a deputada Carla Zambelli (PL-SP) o aliciaram para fraudar urnas eletrônicas, invadir sistemas do CNJ e para assumir um grampo telefônico que supostamente monitorava o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, com a promessa de um indulto presidencial, caso fosse detido.
Antes da nova oitiva, o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, falou com repórteres que estavam em frente à sede da Polícia Federal, afirmando que seu cliente iria prestar esclarecimentos sobre seu encontro com Bolsonaro em 2022.
Na entrevista que concedeu à imprensa, Moreira afirmou que existem provas de que a tal reunião com Bolsonaro e Zambelli existiu, mas declara ser “impossível” provar seu conteúdo, porque a deputada exigia que ele deixasse o celular em modo avião durante suas reuniões. “Ele foi orientado por Carla Zambelli a deixar o celular dele em modo avião. Ele não relatou isso ontem, mas ele me contou”, disse o advogado.
Diante do temor de Delgatti pela sua vida, o advogado afirma que vai solicitar a liberdade provisória do hacker da Vaza Jato, para que ele não corra o risco de sofrer algum atentado dentro da prisão.
Neste fim de semana, Delgatti deverá ficar preso na superintendência da PF em Brasília, enquanto os delegados deliberam se ele será transferido de volta para a cidade de Araraquara, onde estava preso desde 2 de agosto, antes de depor.
Além disso, Ariovaldo afirma que a assinatura de um acordo de delação premiada de Walter Delgatti Neto não está descartada. Questionado sobre o que o hacker teria de novo para apresentar em delação, Ariovaldo respondeu: “provas”.
No depoimento anterior, o hacker falou à PF sobre a invasão que ele fez ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em janeiro, para inserir dados falsos, serviço pelo qual recebeu R$ 40 mil, pagos por Carla Zambelli.