Hacker Walter Delgatti Neto depondo à CPMI do 8 de Janeiro
Reprodução / TV Senado - 17.08.2023
Hacker Walter Delgatti Neto depondo à CPMI do 8 de Janeiro

Walter Delgatti, o hacker por trás do vazamento de mensagens da Lava Jato, apresentou ontem (17) graves alegações e acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu depoimento à CPMI de 8 de janeiro no Congresso Nacional, em Brasília. As principais acusações do hacker incluem:

1. Liderar um golpe de Estado -  Delgatti afirmou que Bolsonaro seria o líder de um grupo organizado para promover um golpe de Estado e impedir a realização das eleições de maneira legal. Ele teria levado o hacker ao Ministério da Defesa e ao comando do exército para criar um código-fonte "malicioso" para simular uma invasão nas urnas eletrônicas, criando uma 'falsa' vulnerabilidades no sistema.

2. Fraudar urnas eletrônicas -  Bolsonaro teria pedido que ele violasse o sistema de justiça eleitoral, com o objetivo de provar a suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas. Ele acusa o ex-presidente de tentar usar essas alegações para questionar a legitimidade das eleições.

3. Prometer indulto pós crime - Em troca de sua suposta invasão nas urnas eletrônicas, Bolsonaro teria prometido um indulto futuro a Delgatti. O hacker alegou que foi instruído a se encontrar várias vezes com autoridades do Ministério da Defesa, a pedido de Bolsonaro, para discutir a técnica da invasão.

4. Grampear ministro da Suprema Corte  - Delgatti disse que Bolsonaro o teria o sugerido a assumir a responsabilidade por suposto grampo ilegal contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Bolsonaro teria alegado que esse grampo teria sido realizado por agentes estrangeiros.

5. Delgatti topou fazer acareações - O hacker indicou estar disposto a participar de acareações, inclusive com Bolsonaro, para esclarecer suas acusações.

6 - O que disse o ex-presidente: Jair Bolsonaro negou todas as acusações feitas por Delgatti, chamando-as de "fantasias" e afirmando que os encontros com o hacker se limitaram a uma única vez para uma conversa sobre técnicas de segurança digital.

Especialistas comentam: 

Renato Ribeiro de Almeida , especialista em Direito Eleitoral, Doutor em Direito do Estado pela USP, Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Mackenzie.

"As informações trazidas pelo hacker são chocantes. Evidentemente que a própria CPMI poderá requerer provas e determinar quebras de sigilo para comprovar o que foi alegado. Segundo o hacker, Bolsonaro fazia parte de um grupo que visava desacreditar as eleições e agia como organização criminosa. Portanto, as declarações do hacker são conclusivas de que estaríamos diante dos mesmos crimes praticados pelos que atentaram contra o país no dia 8 de janeiro".

Thiago Turbay , advogado criminalista e sócio do Boaventura Turbay Advogados

"É preciso constituir elementos que corroborem as informações prestadas pelo depoente. Se assim for, o ex-presidente terá atentado contra o estado democrático e rebaixamento sobremaneira do decoro da função pública".

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