O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) decidiu manter a greve no metrô do Recife, respeitando a determinação judicial de manter em circulação 40% dos trens, subindo o percentual para 60% nos horários de pico (das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 19h30) - decisão que não estava sendo cumprida até então.
Essas decisões foram tomadas após uma audiência de conciliação entre o Sindimetro e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) para discutir o Acordo Coletivo de Trabalho 2023-2025.
Em greve geral, os metroviários exigem reajuste salarial de 15% acrescido de outras cláusulas sociais e a garantia de estabilidade no emprego. A categoria também exige que o Governo Federal desista de privatizar a CBTU, retirando-a do Programa Nacional de Desestatização (PND), ou que os funcionários sejam realocados para outros órgãos públicos em caso de privatização.
Também foi afirmado que na mesa de negociação foi redigida uma ata no dia 19 de junho de 2023, pugnando pelo cumprimento do acordo. A CBTU confirma a negociação, mas alega que a ata precisa ser aprovada pelo Serviço Social do Transporte (SEST), o que não ocorreu.
Após diversas negociações, uma nova reunião com o TRT-6 foi marcada para a segunda-feira (7) em busca de um acordo entre as partes que possa encerrar a greve, desta vez com a presença de representantes do SEST.
Movimento contra a privatização
O metrô do Recife enfrenta uma longa crise causada pelo sucateamento de sua estrutura, somado a um déficit anual de R$300 milhões e ao risco de privatização. Estima-se que para a completa recuperação do sistema, o Governo Federal teria que investir, de imediato, uma quantia que gira entre R$1,2 bilhão e R$1,5 bilhão, segundo a Superintendência da CBTU no Recife.
Na quarta-feira (2), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o metrô não pode ser privatizado devido ao papel social exercido pelo sistema de transporte que atende a cerca de 200 mil pessoas por dia na Região Metropolitana do Recife. A declaração foi feita durante a participação de Haddad no programa “Bom dia, ministro!”, postado no canal do Governo Federal no YouTube.
“Estamos revendo todo o plano de privatização do governo anterior. Em geral, as empresas que têm um sentido mais social estão sendo revistas no sentido de não privatizar (...) algumas serão retiradas justamente por causa desse componente social que é muito importante”, disse o ministro da Fazenda.
Segundo Haddad, o repasse do sistema metroviário do Governo Federal para as gestões estaduais é uma alternativa possível. “Algumas empresas estão sendo repassadas para órgãos estaduais. O metrô, em geral, é uma delas. Ele está sob a alçada dos governadores no Brasil inteiro, já aconteceu isso na Bahia e em São Paulo, por exemplo”, completou.
Até agora, o Metrô do Recife conseguiu apenas uma promessa do Governo Federal, que se comprometeu a enviar R$ 260 milhões para o custeio. No dia 21 de agosto, técnicos do BNDES, deputados federais e senadores devem vir ao Recife acompanhados do também senador Humberto Costa (PT-PE) e do deputado Túlio Gadêlha (Rede Sustentabilidade) e para conhecer de perto a situação do sistema de transporte por trens urbanos da capital pernambucana, numa tentativa de sensibilizá-los.
“A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, da qual sou presidente, e a Comissão de Trabalho da Câmara, da qual o deputado Túlio é membro, aprovaram requerimento para acompanhar a precária situação dos trens na capital e buscar soluções ao problema. Faremos esse trabalho coletivo no próximo dia 21 de agosto”, afirmou Humberto Costa.
A programação também prevê um encontro com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) e a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para discutir um plano de recuperação do sistema de transporte.