Em assembleia realizada na quarta-feira (2) , os trabalhadores do Metrô do Recife decidiram deflagrar uma greve geral por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira (3). A paralisação do serviço afeta cerca de 200 mil passageiros que vivem no Recife e na região metropolitana.
A decisão vem após a realização de duas paralisações no mês de julho. O presidente do Sindicato dos Metroviários (Sindmetro), Luiz Soares, critica a CBTU, afirmando que “desde o governo Bolsonaro” a companhia não mostrou “nenhum compromisso com a população na busca por recursos".
Também nesta quinta-feira, o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) analisou e acatou uma ação cautelar movida pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) sobre a greve. A desembargadora Nise Pedroso definiu o retorno de 60% da frota de trens em horários de pico, e 40% nos demais períodos, com multa de R$ 60 mil por dia em caso de descumprimento.
A categoria estava em Estado de Greve desde o final de abril, pressionando o Governo Federal pela retirada da CBTU do Plano Nacional de Desestatização (PND), que visa à privatização de algumas empresas públicas. Passados sete meses de governo Lula, a categoria está revoltada com a administração federal.
Além disso, o Sindicato dos Metroviários (Sindmetro) alega que, em junho, a Administração Central da CBTU sentou com os sindicatos do Recife, João Pessoa, Maceió e Natal, fechando uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023/2025.
A minuta do ACT previa um aumento de 15% no salário base da categoria, ou seja, o salário passaria de R$ 2 mil para R$ 2.725, além da garantia de emprego no caso da concessão pública ou privatização do Metrô.
Mesmo pedindo 25% de aumento, a categoria aceitou a proposta e se viu frustrada depois, quando a CBTU alegou que não cumpriria a promessa porque o Governo Federal não aceitou o acordo coletivo.
Antes de deflagrar a greve por tempo indeterminado, a categoria tentou negociar com o Governo e a CBTU, chegando até a adiar uma assembleia na tentativa mal sucedida de evitar a suspensão dos serviços.
Também foram feitas duas paralisações temporárias dos serviços, uma em junho e outra em julho - esta última, junto ao Sindicato dos Rodoviários, que passaram seis dias em greve. Sem nenhum acordo após as tentativas de negociação e paralisações, restou, então, deflagrar a greve.