Às vésperas da retomada da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) , que ocorrerá nesta terça-feira (1), um grupo da organização realizou uma ocupação neste domingo (30), em uma área pertencente à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em Pernambuco.
Entre os dias 1 e 4 de agosto, a empresa vai realizar na cidade de Petrolina o Semiárido Show, evento voltado ao agronegócio. De acordo com o MST, 1.500 integrantes so grupo participaram da manifestação.
De acordo com líderes do movimento, a ocupação teve o objetivo de alertar o governo Lula da necessidade de uma reforma agrágria, além de tecer críticas à atuação dos ministérios que cuidam do setor agrário brasileiro.
“Nós elegemos o governo Lula e precisamos que o ministério cumpra seu papel em atender as demandas da reforma agrária e possam cumprir as políticas voltadas para os movimentos sociais e não somente servir os interesses do agronegócio", destacou Jaime Amorim, da direção do MST em Pernambuco.
Em nota , o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra pontuou que a ocupação deste domingo se deu após o governo não cumprir acordos como o repasse de terras do Embrapa de Petrolina para cidadãoes que ocuparam o local em abril desde ano.
"MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) rompeu com todos os acordos e tenta fazer o seminário Show sem cumprir
nada do que foi acordado para resolver a questão das famílias acampadas", ressaltou a organização.
"Não queremos atrapalhar o Seminário Show, mas ao mesmo tempo não vamos permitir que seja realizado se não for cumprido o mínimo do mínimo, para que a gente possa organizar as coisas e as famílias no mínimo puder ser assentadas", complementou.
Já na última terça-feira (25), data em que o MST também celebra o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural e Dia Internacional da Agricultura Familiar, 180 famílias sem-terra pernambucanas ocuparam uma propriedade de 500 hectares localizada em Caruraru.
Ameaças de fazendeiros na Bahia
Na madrugada de domingo (30) para segunda-feira, 60 famílias do movimento que acampam às margens de uma rodovia de Itiruçu, na Bahia, foram ameaçadas por um grupo de cerca de 30 fazendeiros.
Segundo nota pública divulgada pelo MST, as famílias não estão ocupando nenhuma propriedade dos fazendeiros, e aguardam negociações com o Governo Federal para destinação de um terreno para as pessoas que lá estão.
Leia mais: Ministro do STF mantém obrigação de Gonçalves Dias depor na CPI do MST
"A tentativa de reintegração de posse descabida de qualquer legalidade organizada pela milícia rural teve a alegação de que não aceitariam famílias sem-terra vivendo próximo de suas fazendas", pontuou no comunicado.
"O MST informou que os membros do grupo não reagiram, que nenhuma pessoa ficou ferida e que as famílias permanecem no local "apesar da violência sofrida".