O presidente da República
, Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), cedeu uma entrevista à Rádio Gaúcha nesta quinta-feira (29). Durante a fala, o presidente
se referiu
ao golpe militar em 1964 de " revolução de 64
". O termo era comumente utilizado pelo seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que sempre foi muito criticado pela escolha de palavras.
Na fala, Lula diz: "Vai ser a 1ª reforma tributária votada no regime democrático. A última reforma tributária nossa foi depois da revolução de 64”. O petista discutia, ao lado do ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, sobre a aprovação da reforma no Congresso.
Lula
disse nesta mesma entrevista que os ataques ocorridos no dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes era um golpe, mencionando diretamente o ex-presidente Bolsonaro na fala. "Nós não tivemos um cidadão aqui, um sabidinho, que não quis aceitar o resultado eleitoral? Nós não tivemos um cidadãozinho aqui que quis dar golpe dia 8 de janeiro? Tem gente que não quer aceitar o resultado eleitoral”, disse o petista.
Bolsonaro e a "revolução"
O ex-presidente Bolsonaro citou, em 2019, um editorial da Globo que era favorável à ditadura. O texto escrito por Roberto Marinho dizia: "É a história, tem datas ali, eu não botei o 1º parágrafo do julgamento da revolução em 7 de outubro de 1984, é uma realidade”.
Em outra ocasião, em 2021, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) decidiu que pudessem ser realizado comemorações alusivas ao golpe de 1964 no dia 31 de março, data em que o presidente João Goulart foi deposto pelo Congresso Nacional, dando início ao governo ditatorial por cerca de 20 anos.
Na cerimônia ocorrida em 2022, Bolsonaro discursou, dizendo: "Hoje são 31 de março. O que aconteceu nesse dia? Nada? A história registra nenhum presidente perdendo seu mandato nesse dia. Por que a mentira? A quem ela se presta? O Congresso Nacional, em 2 de abril, votou pela vacância de João Goulart, com voto inclusive de Ulysses Guimarães. Quem assumiu o governo nesse dia não foi militar, foi o presidente da Câmara. Por que omitir isso?”.
Alguns políticos criticaram o Ministério da Defesa à época por publicar uma ordem do dia em alusão ao golpe. O ministro na época, Walter Braga Netto, disse que o dia era como "marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”. Tanto o texto, quanto as menções saudosistas do ex-presidente eram repudiadas pelos opositores do governo.