O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, fez críticas a decisão da juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba. Nesta semana, Hardt suspendeu o sigilo da decisão da operação da Polícia Federal (PF) contra os integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). As operações investigam atentados contra a vida de servidores públicos e autoridades, sendo um deles o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).
Nas redes sociais, o ministro publicou que a juíza expôs "as investigações e, consequentemente, atrapalhando-as, já que as apurações seguem em curso e tratam de um tema sensível, que é o das organizações criminosas", questionando, de forma ironizada, se o objetivo da juíza "foi ajudar a PF?”
A Justiça Federal do Paraná, órgão ao qual Hardt responde, emitiu uma nota que reitera que a retirada do sigilo processual foi pedido pelo delegado responsável pelo caso, e que foi protocolado nos autos do processo ainda na última quinta-feira (23), às 14h.
"Contudo, por cautela, a juíza federal designada para atuar no caso, entendeu melhor manter o nível de sigilo 1, por segurança dos investigados e vítimas, autorizando a divulgação apenas das representações policiais e das decisões que autorizaram as prisões e as buscas, bem como o termo de audiência de custódia", afirma a nota.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, durante uma coletiva de imprensa na última quinta-feira, que tinha dúvidas sobre a operação ser "mais uma armação" do ex-juiz Sérgio Moro.
Lula chega a citar a Hardt durante a fala, dizendo: "até fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele. Isso a gente vai esperar, eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Eu acho que é mais uma armação. Se for, ele vai ficar mais desmascarado ainda e eu não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que está.”
Hardt assumiu o inquérito na última terça-feira (21), após substituir a juíza Sandra Regina Soares que está de férias. A magistrada titular volta após o dia 31 de março.
Gabriela Hardt foi a substituta de Sérgio Moro em 2018, após o senador pedir exoneração do cargo na 13ª Vara Federal de Curitiba. Na ocasião, Moro assumiu o Ministério da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL). Hardt ficou a frente da Operação Lava Jato na época.
Neste período, ela foi a responsável pela sentença, em 2019, que condenou Lula no processo referente ao sítio de Atibaia. Esta decisão repercutiu por conter trechos idênticos a sentença promovida pelo ex-juiz Sérgio Moro no caso do triplex do Guarujá, em 2017, sendo a magistrada acusada de "copiar e colar" as partes do texto antigo. Todas as sentenças contra o atual presidente foram anuladas posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).