A Marinha afundou na sexta-feira (3) o porta-aviões São Paulo após o governo proibir o navio de atracar no Brasil. O veículo foi afundado a 350 quilômetros da costa brasileira, segundo as autoridades.
A decisão foi considerada polêmica, devido à quantidade de matérias tóxicos que a embarcação possui. Ambientalistas estimam, por exemplo, mais 30 mil toneladas de amianto, material que pode causar a mortandade de peixes e prejudicar o ecossistema brasileiro.
O navio foi fabricado em 1960 e utilizado pela Marinha francesa até 2000, quando foi comprado pelo Brasil por US$ 12 milhões. O envelhecimento da embarcação provocou furos no casco, o que fez as Forças Armadas aposentar o porta-aviões.
Em 2022, o navio foi vendido para uma empresa da Turquia, que pretendia desmontar o navio e revender as peças. Entretanto, o Ministério de Meio Ambiente do país proibido a chegada da embarcação em seus portos após protestos de ambientalistas.
Depois de ficar cinco meses vagando pelo Atlântico, os turcos desistiram do negócio e devolveram o porta-aviões aos brasileiros, que passou a estudar formas para se desfazer do navio.
A decisão de afundar a embarcação partiu da Marinha em conjunto a Advocacia-Geral da União (AGU). O caso chegou a repercutir na imprensa internacional, que criticou a iniciativa e relembrou as promessas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua campanha.
As Forças Armadas justificaram que a embarcação não pode ser usada devido aos buracos nos cascos. Um dos furos chegava a 5 metros de diâmetro por 2 de altura, o que provocava a inclinação do navio para a esquerda.
Ainda não há informações sobre como a embarcação foi afundada e nem os reflexos ambientais da medida. Em nota, a Marinha informou que a decisão foi tomada com base em estudo técnicos e que há cuidado com a saúde pública e o ecossistema.
Confira a nota completa
" Em relação ao casco do ex-Navio Aeródromo “São Paulo”, diante dos fatos apresentados na Nota Oficial Conjunta do Ministério da Defesa, Advocacia-Geral da União e Marinha do Brasil, cabe informar que a operação de alijamento, por meio do afundamento planejado e controlado, ocorreu no final da tarde, estritamente conforme concebido.
O procedimento foi conduzido com as necessárias competência técnica e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro.
A área para a destinação final do casco, situada em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), a 350 Km da costa e com profundidade aproximada de 5 mil metros, foi selecionada com base em estudos conduzidos pelo Centro de Hidrografia da Marinha e Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira. As análises consideraram aspectos relativos à segurança da navegação e ao meio ambiente, com especial atenção para a mitigação de impactos à saúde pública, atividades de pesca e ecossistemas.
Por fim, a Marinha do Brasil presta legítima reverência ao ex-Navio Aeródromo “São Paulo”. Barco que abriga alma beligerante perpetuada na mente de homens e mulheres que guarneceram seus conveses, dignos servidores da Marinha Nacional Francesa e da Marinha do Brasil, sob a égide das tradições navais e de elevado espírito marinheiro. "