Anderson Torres foi ministro da Justiça de Bolsonaro
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil - 21/06/2022
Anderson Torres foi ministro da Justiça de Bolsonaro

Um documento entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) mostra que o gabinete de Anderson Torres sabia da eminência de atos antidemocráticos dois dias antes dos ataques aos Três Poderes em Brasília. O aviso trazia a possibilidade de “tomada de poder” por meio da invasão do Congresso Nacional.

Ainda segundo o relatório de inteligência, mensagens trocadas pelas redes sociais apontavam a possibilidade de violência nos atos bolsonaristas. Os auxiliares de Torres tinham ciência da chegada de atiradores e adultos com boas condições físicas à Brasília.

As denúncias foram entregues ao STF pelo interventor na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, nesta sexta-feira (27). O documento é visto como mais uma prova da omissão do ex-secretário de Segurança Pública e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.

Torres, que está preso desde 14 de janeiro, afirma que estava de férias nos Estados Unidos e que não tinha ciência dos atos violentos na Praça dos Três Poderes. A Polícia Federal deve questioná-lo sobre o documento e entender os motivos da secretaria não ter aumentado a segurança na cidade.

“Esse relatório foi entregue no gabinete do secretário de segurança pública, o senhor Anderson Torres, onde dizia que uma manifestação que era convocada como tomada de poder previa invasão aos prédios públicos”, disse Cappelli, em coletiva de imprensa.

Relatório dos ataques

Cappelli apresentou ao STF, nesta sexta-feira (27), o relatório sobre as falhas na segurança das sedes dos poderes em Brasília. Para ele, houve "falha operacional" por parte do comando das forças de Segurança Pública do Distrito Federal no dia 8 de janeiro. A data ficou marcada pelos atos golpistas que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.

O interventor reiterou o ataque só aconteceu por ter uma "ação profissional e programada" dos manifestantes. Eles planejaram o atentado numa "mini cidade golpista", disse o secretário interino, referindo-se ao acampamento montado em frente ao QG do Exército, em Brasília.

De acordo com o relatório, a equipe policial que atuou na linha de contenção dos bolsonasitas golpistas era formada por policiais das escolas de formação de Praças, que estavam sem equipamento de proteção policial para contenção de manifestações.

Os ataques

Os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos por bolsonaristas na tarde de 8 de janeiro. Eles protestam contra a vitória de Lula e o uso das urnas eletrônicas.

No dia anterior, caravanas de bolsonaristas chegaram à Brasília para o ato. O ministro da Justiça, Flávio Dino, chegou a solicitar o uso da Força Nacional para manter a segurança da Praça dos Três Poderes.

No Congresso, os manifestantes vandalizaram o salão verde da Câmara dos Deputados e invadiram o plenário do Senado. Já no Planalto, os suspeitos quebraram portas e tentaram invadir o gabinete presidencial.

Na Suprema Corte, os manifestantes tentaram invadir os gabinetes dos ministros, quebraram as portas dos armários onde ficam as togas, além de quebrar vidraças e vandalizar a fachada do prédio.

Mais de 1,4 mil pessoas foram presas e levadas para a carceragem da Polícia Federal na capital. Algumas já foram liberadas por decisões do STF, enquanto outros ainda aguardam o pedido de habeas corpus.

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