Uma briga com motivação política em culto evangélico em Goiania terminou com um baleado na noite da última quarta-feira (31). O assessor empresarial Davi Augusto de Souza, de 40 anos, teria ficado revoltado com o discurso do pastor que realizava a cerimônia e, diante da confusão, foi atingido na perna pelo policial militar Vitor da Silva Lopes, 37 anos. O incidente ocorreu dentro da Congregação Cristã no Brasil, no bairro Finsocia.
O lídeo religioso teria pregado os fiéis para não votarem "em vermelhos", em referência a partidos de esquerda, fato que teria gerado o desentendimento. De acordo com o irmão da vítima, Daniel Augusto, o PM que atirou em Davi seria amigo do pastor Djalma Pereira Faustin, que está na congregação há 33 anos.
Daniel afirma que eles já tinham se desentendido com o pastor há 15 dias e que outros membros da igreja também discordavam da sua postura política nos cultos. Ele conta que a briga e o tiro são, na verdade, resultado do trabalho político no local, algo que acontece há algumas semanas.
"O problema foi a entrada da política na igreja, que começou com essa guerra entre quem apoia ou não o governo. Um líder começou a fazer política durante um culto e dizer que os membros não deveriam votar em candidatos de esquerda, que chamou de 'vermelhos'", disse o irmão da vítima.
Ele afirma que, em abril deste ano, uma carta com recomendações eleitorais foi publicada pela igreja e passou a ser lida em todas as congregações.
"Não devemos votar em candidatos ou partidos políticos cujo programa de governo seja contrário aos valores e princípios cristãos ou proponham a desconstrução das famílias no modelo instruído na palavra de Deus, isto é, casamento entre homem e mulher", afirma a carta.
Daniel disse que levantou a mão no momento de indicação de votos e questionou: "Nenhum político doa dinheiro para igreja, para que falar de voto, então?".
"A partir daí, virou uma confusão séria. Os líderes se reuniram para avaliar o que ia ser feito com isso e no dia de uma reunião sobre o tema, aconteceu essa discussão e o tiro contra o meu irmão", lamentou Daniel.
Durante a briga, houve agressão física entre o PM e o fiel, o que culminou no tiro na perna. O irmão da vítima também denuncia que enquanto o Davi estava baleado, o culto continuou normalmente.
Davi Augusto foi levado consciente para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Lá, passou por 6 horas de cirurgia para retirar a bala que atravessou as duas pernas. Ele segue internado e estável.
Já o PM afirmou que foi atacado pela vítima e seus familiares e, por isso, entrou em briga corporal com eles. Durante a confusão, ele sentiu que queriam tomar sua arma, a sacou e pediu para se afastarem. Segundo o policial, a ordem não foi obedecida e que, para se defender, fez um disparo na perna da vítima, com o objetivo de cessar as agressões.
O Boletim de Ocorrência registrado nesta sexta-feira, indica que "no local, segundo informações, houve uma discussão entre dois indivíduos e o cabo Vitor da Silva Lopes. Os indivíduos tentaram entrar em luta corporal com o policial, que para se desvencilhar de um deles efetuou um disparo que alvejou a perna do envolvido".
A polícia também informou que o PM teria se apresentado na delegacia de maneira espontânea e foi liberado em seguida.
A Polícia Civil disse que investiga o caso e que a ocorrência foi registrada como "agressão por arma de fogo e lesão corporal culposa (sem intenção de machucar a pessoa agredida)".
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