A Rental Coins, operadora de criptomoedas criada por Francisley Valdevino da Silva, o Sheik dos Bintcoins , entrou nesta quarta-feira (3) com pedido de recuperação judicial junto à 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba. Os advogados pediram à Justiça que, antes do deferimento do pedido, suspenda temporariamente as obrigações contratuais da Rental, entre as quais o pagamento de taxas mensais aos clientes de até 13,5% do valor investido por eles no aluguel de criptomoedas para o Sheik.
A Rental Coins é alvo de inquérito na Polícia Federal do Paraná por suspeitas de crime contra o sistema financeiro nacional. A investigação apura se o aluguel de criptomoedas seria um esquema disfarçado de pirâmide financeira, uma vez que Francisley, ou Francis da Silva, como prefere ser chamado, oferecia taxas de juro muito acima do mercado. Em janeiro, após dois meses de atraso, a empresa parou de pagar os clientes.
Francis da Silva, que ostentava uma vida milionária , tinha entre os clientes Sasha Meneghel, filha da apresentadora de TV Xuxa, e seu marido, o cantor gospel João Figueiredo . Ele também foi sócio do pastor Silas Malafaia em empresa de venda de produtos religiosos , mas a parceria foi desfeita quando os problemas começaram.
Em nota divulgada pelos advogados, a Rental e a InterAg, outra empresa de Francis, alegaram que “ao contrário do que se possa aparentar, o pedido de recuperação judicial nada mais é que o fôlego processual que as empresas necessitam no momento para retomar suas atividades, uma vez que, tendo em vista as decisões judiciais diárias de constrição, não podem sequer retomar a geração de novas receitas sem que seus ativos sejam atacados em demandas pontuais”.
As duas empresas, segundo a nota, contabilizam cerca de 9 mil clientes. Muitos deles, incluindo Sasha e o marido , ingressaram na Justiça com ações indenizatórias e por danos morais, com pedidos de bloqueio de bens. Em entrevista ao GLOBO, há três semanas, Francis prometeu retomar os pagamentos em outubro . Porém, com o pedido de reparação, o calendário ficará prejudicado, pois dependerá de decisão judicial.
A nota informou ainda que as atividades das empresas nas áreas de tecnologia e de criptoativos terão “integral seguimento, tendo em vista que os colaboradores e gestores continuaram trabalhando incessantemente para atender aos interesses de seus clientes e franqueados, prestando todo o suporte que se faça necessário”.
"Essa recuperação judicial é uma forma de ganhar tempo contra os clientes da Rental Coins e uma tentativa de sair da questão criminal. Entendo ser apenas uma manobra. Não vai haver fundos totais para os clientes e vai acabar terminando em falência", lamentou o advogado Jeferson Brandão, que defende clientes da Rental.
Empresa aberta em janeiro de 2019, com a proposta de alugar criptomoedas dos investidores, a Rental prometeu no início pagar juros de 0,5% a 5% ao mês e devolver os ativos do cliente ao final de um ano de contrato. Com o crescimento dos negócios, a taxa foi subindo até atingir, antes da quebra, o patamar de 13,5% ao mês.
Na entrevista ao GLOBO, Francis disse que os problemas do seu grupo empresarial começaram no final do ano passado, mas ele só teria tomado conhecimento da gravidade do quadro em maio. Sem entrar em detalhes, ele atribuiu os problemas a “erros de gestão”. Disse que delegou a gestão do aluguel de bitcoins a terceiros, para cuidar de outros ramos de atuação do seu grupo, sem saber das taxas de juros oferecidas aos clientes.
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