Após o fim da audiência de instrução e julgamento do processo em que Monique Medeiros da Costa e Silva e seu ex-namorado, Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, são réus pela morte de Henry Borel Medeiros, a juíza Elizabeth Machado Louro deverá decidir se irá proferir a sentença de pronúncia contra o ex-casal.
Com a decisão, que pressupõe o convencimento pela magistrada da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou participação deles no crime, o caso seria encaminhado para o Tribunal do Júri, e a professora e o médico e ex-vereador seriam submetidos ao crivo de um Conselho de Sentença formado por sete jurados.
Nesta segunda-feira (13), Jairinho teve a segunda oportunidade de ser ouvido em juízo — ele havia prestado depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca) em 17 de março do ano passado e chegou a falar por cerca de dez minutos no plenário do II Tribunal do Júri em 9 de fevereiro.
Em todas as ocasiões, negou que tivesse cometido crimes. De acordo com o Código de Processo Penal, a juíza terá dez dias para proferir a decisão após o encerramento dos debates — ainda há, entretanto, diligências pendentes a serem concluídas no processo, que já passa de quatro mil páginas.
Dinâmica no dia da morte
Sobre a madrugada de 8 de março de 2021, o ex-vereador contou estar no apartamento onde moravam vendo uma série na TV com a professora quando ela foi até o quarto algumas vezes para “cuidar” do menino. Por volta de 1h30, ele disse ter tomado remédios, falado no telefone com uma ex-namorada e dormido, cerca de 30 minutos depois.
Em seguida, ele teria sido acordado por ela com o filho já desacordado. Ele chegou a acreditar que o menino estava engasgado e disse que ele tinha mãos e pés gelados.
"Assim que nós vimos que o Henry estava passando mal, nós socorremos. Quando chegamos ao hospital, ela (Monique) saltou do carro rapidamente, ela entrega o Henry nas mãos de uma auxiliar de enfermagem. Fui estacionar o carro e ela dá o primeiro depoimento dela, em que ela diz à médica, não sei qual, que encontrou o Henry no chão do quarto", disse. "Assim que vimos que ele estava passando mal, nós socorremos. Isso é o mais importante".
Durante o interrogatório, Jairinho chegou a questionar os documentos produzidos pela Polícia Civil e disse que o legista Leonardo Tauil, que assinou laudo de necropsia, cometeu o crime de falsa perícia.
"Eu peço socorro para os senhores! Tenho certeza que o doutor Leonardo Tauil sabe ler exames de raio-x. Uma imagem dessa mostra que ele está colocando na cadeia, por 14 meses, um inocente. Posso lhe assegurar, doutores! Pela vida dos meus filhos! Ele sabe que o que ele cometeu é crime!"
O ex-vereador ainda atribuiu a culpa a profissionais do Hospital Barra D'Or, onde Henry foi atendido e que teriam, segundo ele, cometido "uma sucessão de erros":
"Obviamente um hospital da magnitude do Barra D'Or não quer errar. As médicas não querem errar. Realmente, foi uma queda de avião. Uma sucessão de erros que teve um resultado fatal. E quando pedimos para escutá-las de novo, é porque empurraram a batata quente para outra pessoa. E veio parar na minha mão. Há inclusive peritos recebendo promoção, promoção de cargo público de delegado, em cima de um caso de morte do qual estou sendo acusado. Obviamente, essas médicas não querem errar. Mas, me desculpa, duas horas de massagem cardíaca em alguém que faleceu é algo meio difícil de acreditar. (É difícil de acreditar) Que a criança chegou morta. Ninguém faz massagem cardíaca em cadáver. Além disso, 40 minutos depois ele foi entubado".
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