Os militares que buscam pelo indigenista Bruno Pereira, servidor da Funai, e pelo jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do "The Guardian", usam lanchas Guardian e voadeiras para facilitar o deslocamento em rios com muitas pedras no fundo.
A maior parte das buscas se concentram nos rios Jovari, afluente do Solimões, e no Itaquaí, que fica perto do município de Atalaia do Norte. Nas primeiras fotos liberadas sobre a operação pelo Exército, militares com roupa camuflada fazem manobras em busca de pistas que levem ao paradeiro dos dois desaparecidos.
Ontem, as buscas não foram bem-sucedidas. A equipe da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari, formada por três servidores da Funai e por dois agentes da Força Nacional, voltou para a base por volta das 18h, avisando que só retomaria a operação hoje de manhã (07/06).
Eles tentam localizar o barco em que Bruno e Dom Phillips estariam. Eles faziam a travessia na embarcação entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e o município de Atalaia do Norte. A dupla não é vista desde a manhã de domingo. O desaparecimento já completou 48h.
Por nota, o Comando Militar da Amazônia, do Exército, chegou a informar, ontem à tarde, que tinha condições de cumprir a missão de busca e salvamento dos dois desaparecidos, mas que dependia de ser acionado por "escalão superior".
Procurada ontem pelo GLOBO, a unidade informou que logo depois, no início da noite, após comunicação oficial, teriam deflagrado uma operação com homens do 8º Batalhão de Infantaria da Selva, em Tabatinga. No entanto, a comunicação social da unidade não informou a que horas e quem deu a ordem para o início dos trabalhos. Mas garantiu que todo o batalhão estava mobilizado.
Por nota, na noite de segunda-feira, a Marinha também disse ter enviado uma equipe de buscas às 11h40 para Atalaia do Norte. De acordo com a força, sete militares, com auxílio de uma lancha, percorreram a região para tentar encontrar os dois desaparecidos. A Marinha prometeu ainda que nas primeiras horas de hoje enviaria um helicóptero para reforçar as buscas, além de duas embarcações e uma moto aquática.
Em Brasília, os trabalhos da força-tarefa são acompanhados pelo chefe do Serviço de Repressão a Crimes Contra Comunidades Indígenas da Polícia Federal, delegado Paulo Teixeira.
Fontes ligadas à investigação disseram ao GLOBO que o indigenista e o jornalista iniciaram na semana passada uma expedição de vigilância no rio Itaquaí na companhia de uma escolta composta por seis seguranças armados da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
Durante a operação, eles teriam apreendido equipamentos de pescadores que, no sábado, retornaram armados e em maior número ao acampamento da Univaja, instalado pouco depois da base da Funai no Rio Ituí, e recuperaram os pertences. Segundo um integrante da Funai que não quis se identificar por temer retaliações, Phillips teria filmado toda a ação dos pescadores armados.
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