A ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal arquivou nesta sexta-feira (3) um inquérito contra o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que investigava se ele recebeu propina do grupo J&F e cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A manifestação da PGR é assinada pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, e contraria o relatório da Polícia Federal apresentado há um mês.
Em abril, a PF enviou ao STF indícios de que Nogueira teria recebido propina do empresário Joesley Batista, quando exercia o mandato de senador. Segundo a polícia, o dinheiro seria destinado para o PP, partido de Ciro, a fim de garantir apoio político à ex-presidente Dilma Rousseff, que tentava reeleição. Nogueira nega as acusações.
Segundo a PF, Joesley fez promessa de pagamento de vantagem indevida, no valor de R$ 8 milhões para que Ciro Nogueira adiasse uma reunião do PP que decidiria sobre a saída ou não da base do governo Dilma. "Ciro Nogueira aceitou a proposta", afirma o documento.
A PF rastreou, dentre outros pontos, repasses feitos a um irmão do senador por meio de um supermercado fornecedor do grupo J&F. A investigação teve início com base na delação premiada dos executivos do grupo J&F, mas a Polícia Federal aponta no relatório que obteve outras provas que corroboram os relatos.
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, no entanto, disse que "não foram colacionados aos autos elementos de prova que corroboram as narrativas dos colaboradores no sentido que as doações oficiais e os pagamentos de valores em espécie tenham ocorrido com o propósito de financiar a compra do apoio do PP para a candidatura de Dilma Rousseff nas eleições de 2014"
"Não havendo a comprovação sobre a existência de eventual acerto da quantia de R$ 8 milhões com CIRO NOGUEIRA, em contrapartida ao adiamento de uma reunião partidária sobre o desembarque do PP do Governo DILMA, perde força a narrativa de que teria ocorrido um pagamento no valor de R$ 500 mil como parte do acerto financeiro supostamente feito quase um ano antes", diz a manifestação da PGR.
Rosa Weber afirmou que as apurações podem ser retomadas se houver novos elementos de investigação.
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