Após o prefeito de Angra dos Reis pedir o desligamento das usinas de energia nuclear diante das condições meteorológicas que atingiram a região neste final de semana, a Eletronuclear, empresa responsável pelas usinas, diz que medida não é necessária. Segundo Leonam dos Santos Guimarães, diretor-presidente Eletronuclear, não se justifica do ponto de vista técnico o desligamento das usinas . A estatal sustenta que Plano de Emergência Externo (PEE) para a central nuclear não está comprometido.
"A comoção com a tragédia que se abateu em Angra e Paraty é motivo para as pessoas tomarem decisões sob emoção. Mas olhando objetivamente não há razões técnicas para o desligamento das usinas. Além disso, não se vê benefício algum ao desligar as usinas para a população que já está sofrendo. Pelo contrário, teria que se buscar outras formas de energia que seriam mais caras que as de Angra" disse Guimarães.
As usinas de Angra 1 e 2 nunca foram desligadas por conta de efeitos climáticos ou desastres naturais. Em geral, as usinas são desligadas lentamente. Segundo uma fonte, a potência é reduzida de forma lenta até chegar a zero. Pelas regras, em caso de desligamento, a cada minuto a potência é reduzida em 0,3 MW. Angra 1 tem um total de geração de 650 MW — ou seja, levaria pouco mais de 36 horas para ser desligada. Angra 2, por sua vez, tem 1.350 MW. Ou seja, 75 horas (três dias) para ser completamente paralisada.
Só haveria um desligamento imediato automático se houvesse alguma ameaça à operação, o que não foi o caso apesar das fortes chuvas. Isso porque um desligamento emergencial gera grande variação de pressão e temperatura.
Em nota, a Eletronuclear esclareceu que o Plano de Emergência Externo (PEE) para o caso de emergência na central nuclear de Angra dos Reis não está comprometido por conta das quedas de barreiras nas estradas da Costa Verde.
˜Primeiramente, é preciso explicar que, se fosse necessária, a evacuação de trabalhadores da empresa e da população seria feita pela BR-101 RJ Sul, tanto no sentido de Angra dos Reis quanto no de Paraty. Acontece que as obstruções verificadas nessa estrada estão fora das Zonas de Planejamento de Emergência (ZPE) previstas no PEE”, informou a empresa.
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Segundo os procedimentos estabelecidos no plano, em caso de emergência, a estatal disse que a evacuação poderia abranger pessoas localizadas num raio de até cinco quilômetros da central, que seriam levadas para abrigos situados a até quinze quilômetros das usinas. “Esses abrigos também não foram atingidos pelas chuvas ou por deslizamentos de terra. Dessa forma, no momento, a ação poderia ser realizada com total eficácia”, destacou a Eletronuclear.
Além disso, cabe ressaltar que a Comissão Nacional de Energia Nuclear, órgão regulador e fiscalizador do setor nuclear brasileiro, emitiu nota afirmando que “apesar da situação decorrente das condições meteorológicas na região de Angra dos Reis, até o presente momento não há comprometimento das vias de acesso do entorno da central que pudessem impactar na execução do Plano de Emergência”.
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