Sérgio Moro se junta no União Brasil a políticos alvos de investigações, como Anthony Garotinho e deputado preso com dinheiro na cueca
Reprodução/Flickr - 31.03.2022
Sérgio Moro se junta no União Brasil a políticos alvos de investigações, como Anthony Garotinho e deputado preso com dinheiro na cueca

Com seu  ingresso no União Brasil, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro tornou-se correligionário de políticos que foram alvo de investigações, concluídas ou em andamento, inclusive de desdobramentos da Operação Lava-Jato. A lista inclui ex-parlamentares que hoje estão enquadrados na Lei da Ficha Limpa, mas que se mobilizam para tentar concorrer neste ano. Embora Moro afirme não ter desistido de disputar a Presidência, o partido deseja lançá-lo ao Legislativo por São Paulo.

Um dos casos recentes de investigações é o do vereador Milton Leite, uma das principais lideranças do diretório paulista do União, onde Moro se filiou. Leite é alvo de inquérito do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por suposta prática de “rachadinha”, envolvendo 16 funcionários já empregados por ele e pelo deputado estadual Milton Leite Filho. Quando o inquérito veio à tona, em agosto passado, Leite disse que se baseava em “ilações” e que colabora com os promotores.

Outro episódio recente, já usado pelo próprio Moro para criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL), foi o do senador Chico Rodrigues, flagrado pela Polícia Federal em 2020 com R$ 33 mil escondidos nas nádegas. Na ocasião, Moro citou o caso para rebater Bolsonaro, que alegava não haver casos de corrupção em seu governo. Rodrigues, à época vice-líder do governo no Senado, foi indiciado pela PF por indícios de peculato e lavagem de dinheiro.

O senador se licenciou do cargo por quatro meses, negou as acusações e hoje, com o caso ainda em análise pela Procuradoria-Geral da República (PGR), retomou ações políticas ajudando a articular o União Brasil em Roraima.

Inelegíveis no Rio

No Rio, o União abrigou a pré-candidata a deputada federal Danielle Cunha, filha do ex-deputado Eduardo Cunha — que se mantém próximo à cúpula do partido no estado, mas optou por se filiar ao PTB em São Paulo e deixar caminho livre à filha. O ex-presidente da Câmara está inelegível por ter sido cassado, em 2016, em meio a investigações da Lava-Jato sobre propina em contratos da Petrobras. Nos últimos meses, Cunha conseguiu reverter condenações e deixou a prisão.

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Um dos principais aliados de Cunha na Câmara, e também filiado ao União, o ex-deputado André Moura (SE) foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro por peculato e desvio de verbas públicas, tornando-se ficha-suja.

Cunha, também inelegível, procura alternativas jurídicas para concorrer, assim como o ex-governador Anthony Garotinho, que se filiou ao União. Ele avalia se candidatar a deputado federal, mas tornou-se ficha-suja por condenações em segunda instância na Justiça Eleitoral, por cooptação de votos, e na Justiça do Rio, por improbidade administrativa. Após esta condenação, em 2018, Garotinho criticou a Lava-Jato, Moro, e o que chamou de “transformação de juízes em super-heróis”.

O novo partido de Moro abriga ainda lideranças que estiveram na mira do braço fluminense da Lava-Jato, como o ex-presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Paulo Melo. Inelegível por ter sido condenado na segunda instância por desvios na área de transportes, Melo apoiará a mulher, Franciane Mota, também filiada ao União, a uma vaga na Alerj.

O diretório nacional do União reúne ainda líderes dos antigos DEM e PSL no Nordeste que foram investigados. Um deles é ex-deputado Heráclito Fortes (PI), que interpelou o procurador Deltan Dallagnol na Câmara em 2016 após ser citado em delação na Lava-Jato. O ex-senador Agripino Maia (DEM), que chegou a se tornar réu por corrupção no STF, viu o caso descer à primeira instância após desistir de disputar as eleições de 2018. Já o presidente do União, Luciano Bivar, foi indiciado pela PF em 2019 em inquérito sobre candidaturas laranjas no PSL. Eles negam as acusações.

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