O Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores do Rio marcou para esta terça-feira uma reunião de emergência para analisar as denúncias contra o vereador Gabriel Monteiro (sem partido) levadas ao ar neste domingo no Fantástico, da TV Globo, nas quais assessores e ex-assessores o acusam de assédio sexual e moral.
No encontro, será avaliado o início de um processo por quebra de decoro parlamentar. Mas queixas contra Monteiro já tramitam no conselho há quase um ano, ainda sem decisões. Ao todo, foram sete representações, em sua maioria sobre a forma como ele conduziu operações de fiscalização em órgãos públicos.
Na maior parte dos casos, os denunciantes afirmam que Monteiro foi truculento, entrando em repartições durante a noite ou de madrugada, desrespeitando funcionários e fazendo falsas acusações. Os incidentes são mostrados nas redes sociais do vereador, que em sua defesa sempre afirmou que, na condição de parlamentar, só fiscalizava o Executivo.
As reuniões do conselho que deveriam avaliar as denúncias são esporádicas, e o primeiro encontro que as discutiu foi em 8 de abril de 2021, na mesma sessão em que o grupo deliberou pela exclusão da comissão de Dr. Jairinho, que havia sido preso junto com a namorada Monique Medeiros, acusado de o matar o enteado Henry Borel, de 4 anos, um mês antes. Ao contrário do que ocorreu com Monteiro, o processo contra Jairinho tramitou mais rápido: em três meses (entre abril e junho de 2020, a comissão foi formada, o relatório aprovado, a perda de mandato foi confirmada por unanimidade em plenário, em sessão realizada em 30 de junho.
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O teor das representações
As representações contra Monteiro se originaram de diferentes fontes, embora tenham sido provocadas pelos mesmos incidentes. Três se referem a ações em duas unidades de Saúde. O Conselho Regional de Medicina (Cremerj) e a Organização Social Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul denunciaram ações de Monteiro no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, em 6 e 11 de abril de 2020.
O Cremerj também fez outra queixa contra Monteiro em razão de uma visita que o vereador realizou em 26 de março à unidade de tratamento de Covid- 19 na Coordenadoria de Emergência Regional (CER) do Leblon. Segundo o conselho regional, o vereador e youtuber invadiu a unidade sem autorização da direção. Ele entrou na UTI com equipamentos sem higienização, como o celular. Segundo relataram profissionais de saúde, naquele momento havia 20 pacientes internados, respirando com auxílio de ventilação mecânica.
Outra representação foi movida pelo Ministério Público do Rio depois de Monteiro entrar, durante a noite, em vários abrigos públicos para menores, filmando as instalações. Também por conta dessas ações, em 7 abril do ano passado a juíza Monica Labuto Fragoso Machado, da 3ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, determinou que o parlamentar só pode entrar nesses abrigos quando estiver acompanhando uma diligência do MP ou do Conselho Tutelar, para preservar os menores.
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