Na iminência de novas chuvas, que podem provocar novos alagamentos, diversas ruas dos bairros afastados do centro de Petrópolis, na Região Serrana, ainda concentraram pilhas e pilhas de lixos. São objetos, como camas, mesas, cadeiras, armários e até pneus de carros, que foram perdidos por conta da chuva que afetou a cidade na última terça-feira. É possível ver os objetos espalhados pelas ruas — como do subdistrito de Corrêas — que acabam atrapalhando a passagem de carros, ônibus e viaturas. O único local que está limpo é o Centro.
— Preocupa muito (essa quantidade de lixo). Ajudei na rua quarta e ontem. É muita coisa para fazer, muita lama. Ainda tem locais com muito entulho — conta a universitária Ana Clara Banhatto Corrêia, 25, a espera de um ônibus na Estrada União Indústria.
A Prefeitura de Petrópolis afirma que contratou 2,5 mil para ajudar nas obras da cidade, que inclui a limpeza das vias.
O comerciante Pedro Silva perdeu tudo na chuva da última terça. Dono de uma loja de pet shop, ele diz que seu prejuízo é de, no mínimo, R$ 50 mil. Os produtos perdidos ainda se encontram na porta de sua loja.
— Perdi sacos e mais sacos de ração de 15 quilos. A loja foi completamente destruída. Ainda continuamos a limpar. Mas temos que deixar os lixos aqui na porta porque não tem para onde levar.
Nesta sexta-feira, foi difícil encontrar lugar para esperança na paisagem. Parentes e amigos seguiram na dolorosa peregrinação por informações sobre as vítimas. Da noite de quinta para a manhã desta sexta-feira, o total de mortos passou de 117 para 136, como divulgado pela Polícia Civil, ultrapassando as 134 vítimas daquela que, em 1988, era considerada, até então, a maior tragédia na história da cidade serrana. O registro de desaparecidos da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) quase dobrou: subiu de 116 para 213. Imensos volumes de terra e destroços continuaram a ocupar os socorristas na região e indicam que o tamanho real da tragédia ainda é desconhecido.