A ruptura de uma adutora de esgoto na obra da Linha 6 - Laranja do Metrô causou um prejuízo imenso ao paulistano. Desde a manhã de ontem (1), a pista local da Marginal Tietê, sentido Rodovia Ayrton Senna, está interditado.
Para o presidente do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo), Vinicius Marchese, a operação do tatuzão, equipamento que abre caminho para os túneis do Metrô, pode ter contribuído para a ruptura na adutora de esgoto da Sabesp.
"Há um risco na movimentação do tatuzão, nessa proximidade. E esse risco com certeza foi previsto. Você "corre riscos" com uma iniciativa desse porte, subterrânea, quando passa perto de galerias como essa. Mesmo não tendo a colisão com a galeria, pode sim ter desestabilizado o terreno", afirmou, em entrevista ao iG.
Marchese fala que em situações como essas, é necessário cautela antes de apontar culpados ou causas.
"São várias hipóteses - a própria escavação, essa movimentação que está sendo feita em paralelo à galeria pode ter sim causado essa ruptura. O acúmulo de chuvas dos últimos dias pode ter mudado a situação do solo. A própria galeria pode ter apresentado algum desgaste, e rompido por algum motivo desconhecido. É realmente preciso aguardar a perícia para saber o que causou".
Durante a tarde de ontem, a chuva fez com que a cratera aumentasse de tamanho. Ontem, a Defesa Civil emitiu um novo alerta para tempestades em todo o estado válido até amanhã (3). O fator, segundo o engenheiro, também pode ter contribuído para o agravamento do acidente.
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"Ontem, claramente, você percebe que o aumento da chuva auxiliou no aumento do problema. A água não auxilia nesse momento. Todos esses fatores combinados podem ajudar a diminuir os problemas ou a aumentar o problema."
Mais cedo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que, a depender do procedimento necessário para recuperação da cratera, a pista pode começar a ser liberada já no dia 4 (sexta-feira) . Uma outra possibilidade é a liberação no dia 11 de fevereiro. Durante a manhã, caminhões preencheram o buraco com concreto (foto).
O especialista do Crea-SP diz que os reflexos de um acidente dessa dimensão em uma cidade como São Paulo são "imprevisíveis".
"E isso vai demorar, infelizmente. Espero que esse trabalho seja compartilhado e que todas as instituições envolvidas entendam a necessidade dessa via para a vida das pessoas, para a mobilidade das pessoas, e que a gente consiga chegar a normalização o mais rápido possível", avalia.
"São Paulo já tem uma característica de imprevisibilidade. Não tem uma lógica. Nós temos uma certeza: que a mobilidade em São Paulo não favorece a vida das pessoas, e um problema em uma via tão importante pode fazer isso se agravar."