A morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, na noite de 24 de janeiro, é o terceiro espancamento fatal investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em menos de um mês.
A especializada tem outros dois inquéritos sobre corpos de homens encontrados no mar e na areia da praia, e apura se, pela similaridade dos casos, os crimes podem ter sido cometido pelos mesmos autores ou, pelo menos, guardam relação entre si.
Um dos inquéritos apura as circunstâncias da morte de um homem encontrado por um pescador boiando na água e com as mãos amarradas, na altura do número 2.630 da Avenida Lúcio Costa, no dia 9 de janeiro. De acordo com o laudo de necropsia do Instituto Médico-Legal (IML), ele foi vítima de uma ação contundente, o que indica que tenha sido jogado no mar após o homicídio.
Até o momento, não há informações sobre a autoria nem a motivação do crime, sabendo-se apenas que o homem tem alguns antecedentes por roubos e furtos.
Em outro procedimento, agentes da delegacia investigam a morte de um homem cujo corpo foi encontrado na areia da Praia da Barra, na altura do número 3.300 da Avenida Lúcio Costa, no dia 12 de janeiro.
Segundo atestou um médico legista do IML, ele também sofreu uma ação contundente. Uma testemunha ouvida na DHC informou que, momentos antes do crime, dois homens estavam procurando pela vítima, um deles já identificado, próximo daquele local, e disse acreditar que eles estejam envolvido nesse homicídio.
Agora, policiais da Delegacia de Homicídios da capital pretendem mostrar as imagens da câmera de segurança do quiosque Tropicália, onde Moïse Mugenyi Kabagambe foi espancado até a morte, para a tal testemunha do outro homicídio a fim de que ela possa esclarecer se alguns dos envolvidos teve participação nesse crime.
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Nessa madrugada, a juíza Isabel Teresa Pinto Coelho Diniz decretou a prisão temporária de Fábio Pirineus da Silva, o Belo, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, e Brendon Alexander Luz da Silva, conhecido como Tota. Os três aparecem nos vídeos agredindo o congolês com socos, chutes e até pedaços de pau.
"Frise-se, ainda, que as imagens comprovam toda a ação delituosa em seu mais alto grau de crueldade, perversidade e desprezo pela vida – o bem jurídico mais importante de todo ordenamento”, escreveu a magistrada.
Belo e Totta trabalhavam em barracas na areia da praia. Dezenove era funcionário do quiosque vizinho. Os três alegam que teriam agredido Moïse, que, segundo eles, já estaria embriagado, após o congolês tentar pegar cervejas da geladeira do Tropicalia.
A vítima havia se refugiado no Brasil em 2011, fugindo dos conflitos armados que assolam a República Democrática do Congo há décadas.
Espancado até a morte, Moïse Mugenyi Kabagambe sofreu traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, provocado por ação contundente, na noite de 24 de janeiro, de acordo com laudo do Instituto Médico-Legal (IML). O congolês agonizou por dez minutos antes de morrer, avaliou um perito.
"O laudo e o vídeo demonstram que trata-se de uma vítima fatal de espancamento, com vários hematomas pelo corpo, e com uma repercussão grave das agressões no pulmão, o que causou uma hemorragia. Nesses casos, a aspiração do sangue leva a dificuldade respiratória, como em uma asfixia, e a morte não se dá de maneira imediata. Estima-se em dez minutos o tempo de sofrimento respiratório que o fez agonizar antes de morrer", explicou o perito Nelson Massini, professor titular de Medicina Legal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).