Moïse Mugenyi Kabagambe tinha 24 anos
Reprodução / Facebook
Moïse Mugenyi Kabagambe tinha 24 anos

O vídeo da câmera de segurança do quiosque Tropicália, na altura do Posto 8 da Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, mostra três homens espancando até a morte o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos , na noite do dia 24 de janeiro.

As imagens, obtidas pelo GLOBO, flagram os agressores dando socos, chutes e até golpes com pedaços de pau no estrangeiro. Momentos depois, com a vítima já desacordada no chão, eles tentam, com a ajuda de outras pessoas, reanimá-la. A sequência já está sendo analisada por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que investigam o caso.

A briga começa por volta de 22h25m. Nas imagens, um dos homens pega um pedaço de pau e Moïse, uma cadeira. Eles andam um atrás do outro e o estrangeiro chega a tirar a camisa, até ser surpreendido por outros dois agressores, que o jogam no chão, próximo a uma escada que dá acesso à praia. A partir daí, os três dão início a uma série de agressões contra o congolês.

As imagens mostram ainda que, cerca de dez minutos depois, os agressores chegaram a amarrar as mãos e os pés de Moïse com um fio. Aproximadamente 20 minutos mais tarde, uma mulher se junta ao grupo e dois homens tentam fazer a reanimação do emigrante, com massagens cardíacas. A vítima morava no Brasil desde 2011, quando fugiu de conflitos armados na República Democrática do Congo.

De acordo com o inquérito, o corpo de Moïse foi encontrado por policiais militares do 31º BPM (Recreio) ainda amarrado, no chão, próximo ao Tropicália. Ele prestava serviço pontualmente no local servindo mesas na areia e, segundo parentes, pretendia tentar cobrar pagamentos atrasados quando acabou sendo morto.

Versão de testemunha

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Uma testemunha ouvida pelo GLOBO contou que Moïse havia passado a noite bebendo com conhecidos próximo ao quiosque Tropicália. Já próximo ao horário de fechamento do estabelecimento, o congolês disse aos companheiros que cobraria valores devidos pelo antigo contratante. Pouco depois, o jovem acabaria agredido e morto.

Segundo a mulher, que preferiu não se identificar e ainda não prestou depoimento na DHCda Capital, Moïse abordou agressivamente o homem, que estaria trabalhando no Tropicália pela primeira vez naquela noite. Durante a discussão, ainda de acordo com o relato da testemunha, o rapaz chegou a ameaçar o interlocutor com um furador de coco, enquanto exigia o pagamento atrasado. O homem, também exaltado, respondia que não era dono nem responsável pelo estabelecimento, e que por isso não poderia resolver o problema.

— No meio da confusão, mais uns rapazes chegaram intervindo, já partindo pra cima do outro — conta a mulher, que diz ter se afastado da situação neste momento.

Ela afirma, ainda, que os homens que se aproximaram já agredindo Möise são conhecidos na região, onde trabalhavam, tal qual o congolês, “cardapeando” (forma de buscar, com o cardápio, clientes na areia da praia para os quiosques). O estrangeiro atuava desse modo pelo menos desde 2017, sempre mediante pagamento de diárias ou de percentual sobre os produtos vendidos. Ele era conhecido na praia pelo apelido de Angolano.

O relato da mulher é similiar ao de um homem que se apresentou à polícia nesta terça-feira como um dos assassinos do congolês . O suspeito, que não teve a identidade revelada, alegou que tentou conter uma briga e que não tinha a intenção de matar Möise. Ele está sendo ouvido na Delegacia de Homicídios neste momento.

Já a família do congolês apresenta uma versão diferente. Um primo do rapaz diz ter assistido a um vídeo das agressões em que é possível ver cinco homens atacando Möise. Antes do espancamento, ele só apareceria na gravação tentando cobrar o pagamento, sem nenhum gesto mais hostil que partisse do próprio congolês. gente (agiu). (A gente) viu ele com a cadeira na mão e foi tentar ajudar o senhor”, afirmou o suspeito.

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