O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) vai julgar nesta terça-feira, às 13 horas, os pedidos de habeas corpus (HC) ajuizados pelos advogados de Glaidson Acácio dos Santos, dono da G.A.S. Consultoria e Tecnologia, de Felipe Silva Novais e de Michael de Souza Magno.
Sob a liderança de Glaidson, chamado de “faraó dos bitcoins”, eles são acusados de promover uma pirâmide financeira, disfarçada de operações de investimento em criptomoedas, que teria movimentado ilegalmente pelo menos R$ 38 bilhões, especialmente entre investidores de Cabo Frio e cidades vizinhas da Região dos Lagos fluminense.
O julgamento desta terça-feira, sob a relatoria do desembargador Flávio Lucas, será acompanhado de perto por manifestantes de Cabo Frio, que fretaram quatro ônibus e prometem fazer um protesto pacífico, com todos vestidos de branco, em frente ao tribunal, no Centro do Rio.
As investigações demonstraram que, desde pessoas pobres a grandes empresários da região, cerca de 67 mil pessoas investiram na operação de Glaidson, atraídas pela oferta de lucros de 10% ao mês, razão pela qual Cabo Frio passou a ser chamada de “Novo Egito”.
Presos desde 25 de agosto, durante a Operação Kryptos, Glaidson, Felipe e Michael são acusados principalmente de crimes contra o sistema financeiro nacional e de organização criminosa.
Eles foram denunciados por gerir fraudulentamente instituição financeira e emitir, oferecer e negociar títulos sem registro prévio junto à autoridade competente, usando em seu lugar declaração falsa de instituição financeira. Na semana passada, o mesmo TRF-2 negou um HC de outro integrante do grupo, Tunay Lima.
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Para mantê-los em prisão preventiva, o Ministério Público Federal (MPF) alega que as investigações constataram risco de fuga, ameaça a pessoas e evasão de recursos que se encontravam com a organização. Quando deteve Glaidson na casa de um amigo na Barra da Tijuca, a Polícia Federal constatou que ele tinha as malas prontas.
Após a operação, a venezuelana Mirelis Zerpa, mulher do “faraó dos bitcoins" que se encontra foragida, teria resgatado mais de R$ 1 bilhão em criptomoedas. Além disso, a quebra de sigilo provou que Glaidson teria ameaçado reter uma jornalista em cárcere privado.
Os clientes de Glaidson, no entanto, alimentam a esperança de que o dono da G.A.S. seja solto e volte a operar o esquema. Eles alegam que, em nove anos de atividade, a empresa nunca atrasou o pagamento dos lucros e que, se o esquema não tinha autorização prévia, isso se deve principalmente à falta de legislação sobre criptomoedas.
Embora o inquérito tenha identificado 67 mil investidores, os investigadores já estão convencidos de que o número pode ultrapassar a marca dos 200 mil, motivo pelo qual Cabo Frio deve parar hoje, à espera da decisão do TRF-2.
Procurada, a defesa de Glaidson, por nota, declarou que “em relação ao julgamento do Habeas Corpus, nesta terça-feira, a G.A.S. Consultoria espera que seja concedido o direito de Glaidson Acácio dos Santos de responder ao processo em liberdade”. Informou ainda que “vale lembrar que a denúncia já foi oferecida pelo Ministério Público Federal, portanto, não há motivos para mantê-lo encarcerado. A empresa reforça que confia plenamente na Justiça”.