Glaidson Acácio dos Santos
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Glaidson Acácio dos Santos

RIO - Tunay Pereira Lima, sócio de Glaidson Acácio dos Santos, o "faraó do bitcoin", foi transferido, nesta sexta-feira, da Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, uma unidade de segurança máxima também chamada de Bangu 1, para a Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó. A medida foi uma determinação da juíza Rosália Monteiro Figueira, da 3ª Vara Federal Criminal, que já havia tomado decisão semelhante a respeito do próprio ex-garçom, que passou pela mesma troca de penitenciária na véspera. Os dois estão entre as 17 pessoas ligadas à empresa GAS consultoria que viraram réus na Justiça Federal por crime contra o sistema financeiro nacional e organização criminosa.

De acordo com a investigação, Tunay morava em uma cobertura no prédio para onde Glaidson mudou-se em 2017, em Cabo Frio, cidade da Região dos Lagos que se transformou na base das operações do grupo. Contudo, apesar de vizinhos, foi a Igreja Universal que transformou-se no "primeiro ponto de contato" entre os dois, tendo em vista que ambos eram "assíduos frequentadores de seus templos religiosos", como consta no relatório da Polícia Federal (PF). No passado, Glaidson chegou a atuar como pastor da mesma denominação.

Ainda segundo as autoridades, após tornar-se sócio da GAS, Tunay chegou a receber, entre 2017 e 2020, transferências no valor total de R$ 77 milhões diretamente de contas ligadas à empresa ou ao próprio ex-garçom. "Ante o seu vínculo estreito com Glaidson, além de ser sócio de fato da GAS, Tunay demonstra ser um dos líderes da organização criminosa pela destinação do proveito criminoso para seu patrimônio próprio, o que somente se afere na camada superior da estrutura", afirmou a PF, que também se refere a Tunay como "braço-direito de Glaidson".

Embora esteja na mesma cadeia que o sócio, Glaidson está sozinho em uma cela, sem contato com outros detentos. Ele também vem sendo monitorado 24 horas por dia por uma câmera de segurança. A medida, cujo objetivo é evitar que o "faraó dos bitcoins" receba algum tipo de regalia, foi uma determinação do secretário de Administração Penitenciária, o delegado Fernando Veloso.

Glaidson e Tunay estão presos desde 25 de agosto sob a acusação de terem montado um esquema bilionário fraudulento de pirâmide financeira. Os dois foram transferidos para Bangu 1 no último dia 28, depois que a Corregedoria da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) encontrou quatro celulares, picanha e linguiça próximo à cela em que eles estavam. Na última quarta-feira, contudo, a juíza Rosália Monteiro Figueira entendeu, durante uma audiência especial pedida pela defesa de Glaidson, que não havia relação comprovada entre o material apreendido e o ex-garçom.

Durante mais de quatro horas, a magistrada ouviu Glaidson e os dois agentes penitenciários que fizeram as buscas nas galerias e celas em que os itens foram encontrados. Os advogados Nabor Bulhões, Nélio Machado, Martsung Alencar e Cláudio Costa, que representam o empresário, sustentaram que não havia prova de que os objetos eram do investidor.

Após a varredura que localizou os telefones e as carnes para churrasco, Veloso determinou que o diretor, o subdiretor e o chefe da segurança da unidade fossem exonerados. Na semana anterior, a Seap já havia localizado aparelhos celulares na cela vizinha à de Glaidson.

Fontes afirmam que, nos bastidores da pasta, circulava a informação de que cada telefone estaria sendo oferecido ao ex-garçom por R$ 50 mil, de modo que ele pudesse continuar tocando os negócios de dentro da cadeia. Esse relato, contudo, não foi confirmado até o momento. As investigação da Corregedoria da pasta sobre o episódio continuam em andamento.

A descoberta da carne e dos celulares foi a principal razão para que Glaidson fosse transferido para a unidade de segurança máxima. Além disso, o episódio também serviu como fundamento para que a Polícia Federal (PF) pedisse a ida do preso para uma penitenciária federal, devido ao grande poderio financeiro do empresário.

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