Dois anos e meio depois da morte de seu marido, Evaldo dos Santos Rosa, Luciana Nogueira ainda tem vivos na memória os acontecimentos daquele 6 de abril de 2019. Nesta quarta-feira, após três adiamentos, começa o julgamento dos 12 militares envolvidos na ação que resultou também na morte do catador de latinhas Luciano Macedo na Estrada do Camboatá, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio.
"É uma mistura de sentimentos. Não tenho conseguido dormir e terei até que me controlar para não passar mal. A minha família e todo o Brasil espera uma Justiça digna e que meu esposo não seja mais um nessa estatística. Espero que paguem pelo que fizeram. Eles destruíram uma família e deixaram um filho sem pai", desabafa Luciana antes do julgamento.
A viúva fala com emoção de como o filho do casal fala do pai. O pequeno Davi até iria acompanhar o julgamento, mas ontem começou a passar mal:
"Quase todos os dias ele diz pra mim: "Mamãe, eles me tiraram a chance de ter um pai velhinho". São dois anos de muita tristezas e lembranças", conta Luciana.
Leia Também
Ela lembra que, em nenhum momento os militares, que também respondem por omissão de socorro, tentaram ajudar:
"Um deles tinha um ar de deboche, dizia que era autoridade e que a gente tinha atirado. É muito dificil estar de frente com eles novamente. É um medo da impunidade".